Category: Compras

  • Valor é relativo

    Valor é relativo

    Existe uma ilusão criada pela indústria da moda, que é a seguinte: roupas caras são melhores.

    Acho que todos temos uma noção de que isto não é inteiramente verdade, mas o quão falso pode ser é algo bem impressionante ainda. Por exemplo, vá ver o preço do costume de alguma marca bem grande de alfaiataria. Pode ser nacional ou importada, mas confira as mais caras que encontrar.

    Sabia que você consegue exatamente o mesmo tecido deles ali no centro de São Paulo? E se mandar fazer num alfaiate, vai pagar bem mais barato por algo que vai te servir melhor? Isso sem falar na possibilidade de customização…

    Então, é importante manter em mente na hora de comprar roupas, que você não precisa pagar extremamente caro por qualidade. Também não estou dizendo que vai achar coisas boas — isto é, confortáveis, duráveis e com bom design — por preço de banana. Roupas baratas são descartáveis, a não ser que seja algo que achou num brechó ou numa queima de estoque muito favorável.

    Mas também é bom se desassociar desta mentalidade de que, se quer algo bom, tem que comprar de uma marca cara. E pra isso, você tem que aprender sobre o assunto: para saber reconhecer qualidade e o quanto vale.

  • Ceticismo nas compras

    Ceticismo nas compras

    Outro dia postei sobre lenços de bolsos, e como uma das coisas que jamais se deve fazer é combinar o tecido destes com o da sua gravata. Isso me lembrou de um assunto interessante e importante de explorar: como questões econômicas e mercadológicas influenciam, e muitas vezes moldam, os hábitos de vestir da população.

    A prática de vender gravatas acompanhadas de lenços de bolso, para o fabricante, faz bastante sentido: ele já está cortando a gravata neste tecido mesmo, o custo de fabricar o lenço de bolso é mínimo, mas ele pode vender por um preço mais alto ao cliente por ser um “conjunto”. Depois de décadas disso, hoje em dia a grande maioria dos homens acha que é o normal e adequado.

    Este fenômeno é bem antigo. Mas sem ir até leis suntuárias, podemos ver como o uso de casacos de abotoamento duplo diminuiu durante a 2ª Guerra Mundial, por conta da necessidade de economizar tecido. Ou na Grande Guerra anterior, como a combinação destes mesmos casacos com coletes deixou de existir (fato que perdura até hoje).

    Temos também a ideia de trajes de black tie com lapelas de entalhe (aquela mais comum). Isso é um faux pas, mas pros fabricantes de costumes, é mais barato fazer tudo com uma lapela igual, então em determinado momento eles começaram a ofertar isso e montar editoriais para convencer os consumidores a comprar.

    Mais um exemplo foram sapatos de bicos quadrados. Para os fabricantes, é algo fácil e simples de produzir, em comparação com uma forma mais orgânica. Depois de um tempo, ficou difícil de achar qualquer coisa diferente, e estes se tornaram o padrão (felizmente, de uma década pra cá, marcas como a Louie surgiram).

    E mais recentemente, as lapelas finas. Grande parte dos casacos de alfaiataria vendidos atualmente possuem lapelas desproporcionalmente finas. Isso, teoricamente, “está na Moda”. Mas a realidade é que estas lapelas não ficam bem quase ninguém, exceto homens muito pequenos e magros, onde elas parecerão proporcionais ao torso.

    Minha sugestão então, é a seguinte: seja bem cético quanto à opinião de vendedores e profissionais da Moda. Não estou dizendo que todos eles querem te passar a perna, mas os interesses destes podem não se alinhar com os seus grande parte das vezes.