Category: Filosofia do vestir

  • Comunicação eficaz

    Comunicação eficaz

    Está vendo este sobretudo aí na foto? Isto é um paletó. Do francês “paletot“. Provavelmente não é assim que você conhecia, né? Até onde sabia, paletó era a parte de cima do costume. Mas na verdade aquela é uma jaqueta.

    E sabe aqueles agasalhos de tricô que vestem por cima da camisa? Aqueles não são blusas. Blusas são a versão feminina da nossa camisa. Aqueles são simplesmente sweaters, ou se preferir generalizar, malhas. Mas você já deve ter ouvido o termo blusa sendo usado pra se referir a estas e outras peças, correto?

    Agora pense na gravata que acompanha o traje de black tie. Você provavelmente chama aquilo de gravata borboleta, mas na verdade ela pode ser uma das outras gravatas laço. E o traje de black tie não é um smoking, é um tuxedo.

    Por quê eu estou falando esse monte de coisas? Pra ilustrar um ponto sobre comunicação.

    Eu sou bem chato quanto à terminologia e procuro sempre chamar as peças do nosso guarda-roupa pelo nome correto. Mas, por mais que eu saiba que o correto é gravata laço, ou que a maior parte do quê chamam de blazer aqui no Brasil são só jaquetas esportivas, tem um ponto em que eu tenho que falar em termos que os outros compreendem.

    E o mesmo se aplica às nossas roupas. Como sempre digo, se vestir é uma forma de comunicação, e comunicação só acontece direito quanto alguém fala e outro entende.

    Então, por mais pedantes que possamos ser, temos que dar o braço a torcer e fazer algumas concessões, tanto nas nossas palavras quanto nas nossa imagem. Falamos para ser entendidos. Temos então que falar nos termos da sociedade.

    Afinal, a alternativa é ficar falando sozinho.

  • Moda ≠ Indumentária ≠ Estilo

    Moda ≠ Indumentária ≠ Estilo

    Uma das primeiras coisas que aprendemos na faculdade de Moda, é que Moda e Indumentária não são sinônimos. Isso pode parecer óbvio para alguns, ou revelador para outros, mas de uma maneira ou de outra, é uma distinção importante de se fazer.

    Moda é, por definição, aquilo que é efêmero. Se aplica agora (ou se aplicou então), e depois deixa de ser aplicável (teoricamente). É algo que vai além de roupas, incluindo tudo numa cultura: música, arte, tecnologia, moras sociais, e muito mais. Mas roupas são sua expressão máxima, pois humanos tem o instinto de se adornar.

    Indumentária é bem mais simples de compreender: são roupas e acessórios. É como humanos cobrem e enfeitam seus corpos. Isto é feito desde a pré-história: precisávamos nos cobrir pra não morrer de frio, queríamos mostrar nosso valor com dentes de predadores que caçamos, etc.

    E Estilo, onde entra aí? Este conceito é um pouco menos claro e há menos consenso quanto ao seu significado, mas grosseiramente, podemos dizer que Estilo é o modo que o indivíduo se veste (e se porta também). Enquanto Moda é algo geral, e Indumentária se refere às roupas em si, Estilo é mais como você se apropria das roupas e define sua imagem, diz mais sobre seu gosto e personalidade.

    “E no quê isso me interessa?”, você pode estar se perguntando. É importante compreender esta distinção, especialmente nos dias atuais, para construir sua imagem. Sabendo que Estilo é algo individual e que não precisa seguir o quê está na Moda, você se liberta para escolher apenas o quê funciona para você. Você pode pegar tendências da Moda, mas sempre guiado pelo seu Estilo.

    E no fim, é isto que as pessoas lembram: de quem tem Estilo, não de quem está na Moda.

  • Não escute conselhos de mulheres

    Não escute conselhos de mulheres

    Sim, isso vai contra o quê quase todos nós somos ensinados. Mas confie em mim, não peça conselho para mulheres no que diz respeito às suas roupas. Digo isto por dois motivos:

    Primeiro de tudo: nem toda mulher entende de moda e vestuário. Ao contrário do quê a cultura popular diz, a realidade é que tem uma quantidade absurda de mulheres que são bem ignorantes no assunto. Você sem dúvida já encontrou algumas mulheres de gosto duvidoso pra roupas, né? Elas são muito mais comuns do quê imaginamos. Preste atenção daqui pra frente e perceberá.

    Segundo: só porque uma mulher entende do assunto, não significa que ela entende de roupas de homem. Muitas pensam que entendem da área masculina, mas na verdade elas só sabem reconhecer quando um homem está vestido de forma atraente. Não sabem explicar e destrinchar o porquê, muito menos montar o guarda-roupas para um homem destes. É o mesmo que você ver uma mulher que reconhece ter estilo, mas se eu te pedir pra vesti-la, você vai ficar perdido.

    A exceção óbvia são mulheres que trabalham com consultoria de imagem masculina. Estas colegas, na minha experiência, tendem a perceber as diferenças do nosso vestir (além de ter o ego bem mais sob controle quanto ao assunto) e prestam um ótimo serviço.

    Mas então, de quem você deve escutar conselhos? De homens que sabem se vestir bem, é claro. Quanto mais similares a você fisicamente e em estilo de vida, melhor. Procure alguém que saiu de onde você está, que chegou a onde você quer chegar, e que de preferência já tenha guiado outros no processo. Este é o meu conselho.

  • Vestir-se é uma forma de comunicação

    Vestir-se é uma forma de comunicação

    A maior parte da comunicação humana é não verbal. Isto inclui desde entonação de voz, linguagem corporal, até vestimenta. São outros idiomas, e aqui vamos focar neste último: o idioma do vestuário.

    Como homens, a maioria de nós não foi ensinado a conversar neste idioma, e por consequência, muitos pensam que “não tem estilo” ou decidem que “não se importam com aparência/roupas/moda”.

    Ao primeiro grupo, eu digo: você tem estilo sim. Você pode não ter tomado (ainda) controle sobre este, e se ele trabalha à seu favor, é uma boa pergunta, mas você tem um estilo. Mas se quer confirmar, pergunte às pessoas que conhece como elas te imaginam vestido geralmente. Você vai descobrir que a maioria das pessoas, dentro de um mesmo contexto, compartilham uma imagem de você.

    Ao segundo grupo, que dizem não se importar, apenas faça o seguinte: se vista da maneira mais vergonhosa que consegue imaginar e saia na rua. Vá sozinho para algum lugar bem movimentado, sem fones de ouvido ou distrações. O simples fato de quê você possui uma ideia de maneira vergonhosa de se vestir é prova de que se importa sim com sua aparência.

    Agora que entendemos que sua imagem é algo importante, quero reassegurar que vocês não estão perdidos. Ninguém é fundamentalmente incapaz de aprender e se vestir de maneira que facilite sua vida. Como dito no título, se vestir é uma forma de comunicação; é um idioma não verbal. Da mesma maneira que você aprendeu Português, e talvez outras línguas, pode também aprender este idioma. Você vai até descobrir que já sabe uma boa parte das palavras, só precisa treinar em como usá-las em frases, e depois como fazer “parágrafos” mais longos e eventualmente “textos” elegantes.