Category: Relíquias

  • Relíquias indumentárias: Gravatas borboleta

    Relíquias indumentárias: Gravatas borboleta

    Continuando a série sobre peças esquecidas (ou no caso de hoje, quase), hoje vou falar sobre a principal alternativa às gravatas convencionais: as gravatas borboleta.

    Quem me conhece sabe que eu sou muito chegado nelas (herdei o gosto do meu avô, aparentemente). Mas primeiro, vamos esclarecer algo de terminologia:

    O quê chamamos de gravata borboleta na verdade é só uma das criaturas da família das gravatas laço. Entre as mais comuns temos também a ponta de diamante e a asa de morcego, vistas abaixo.

    O termo gravata laço caiu em desuso aqui no Brasil conforme elas ficaram mais raras. Mas se um dia você conversar com algum senhor de bastante idade, ele vai te contar de como antigamente se falava em gravatas laço.

    Feita essa explicação, vamos falar sobre a peça em si: quais modelos usar (e quais fugir), quando usar, e também conselhos de como usar.

    Qual usar

    A primeira coisa a se saber é que não se usa gravata de nó pronto. Isso vale pra gravatas convencionais e igualmente pra laços. Se for usar um laço, encontre dos que você mesmo faz o nó, como este exemplo abaixo:

    Então, qualquer coisa que for de nó pronto, fuja. “Mas ninguém vai perceber!“, você talvez diga.

    Sim, vão.

    A gravata de nó pronto tem aspecto artificial, parece fantasia. Mas mais importante: as pessoas que percebem tendem a ser as que você quer mais impressionar. Além do mais, é um grande prazer quando você aprende e faz o nó por conta própria, dá uma sensação de vitória.

    Quando usar

    Seguindo em frente, você pode estar em dúvida de quando usar. A “regra” pra isso é simples: uma gravata convencional cabe nessa situação? Então um laço também. Na verdade, essa família de gravatas é até mais próxima à ancestral de ambas, e em situações formais e semi-formais noturnas (todo um assunto pra outro dia), são as únicas opções aceitáveis.

    Como usar

    Por último, vamos falar de como usar. Pra ficar bem proporcional, o seu laço pronto deve ter aproximadamente a largura do seu rosto. Se ficar menor, vai fazer sua cabeça parecer gigante. Se ficar maior, você fica com aspecto caricato. Gravatas que você mesmo faz o nó vem com ajustadores, pra você arrumar pro seu tamanho de pescoço e rosto.

    Há quem diga que elas devem ser usadas exclusivamente com coletes ou com jaquetas transpassadas, porque elas deixam um espaço vazio no peito onde uma gravata convencional cobriria. Eu discordo que seja obrigatório, mas concordo que tende a ficar um pouco mais bonito assim. Então, se já gosta, ou se tem vontade de usar coletes (ou cardigãs), tá aí um incentivo.

    E por ter um aspecto inusitado, essas gravatas são um pouco mais fáceis de usar num look mais informal. Se quer uma ideia simples de fazer, mas que vai te destacar, é só colocar uma camisa clara e uma gravata borboleta escura, com o resto das suas roupas bem casuais — digamos, um jeans, jaqueta de couro e um par de Converse ou de botas. Esteja preparado pra muita gente te olhando, mas esteja preparado também pra alguma garota que você ainda não conhece exclamando “moço, você é MUITO estiloso”.¹

    Quem usa

    Por fim, é importante notar que essas gravatas, e quem as usa, tem uma certa fama. Homens que usam gravatas laço são geralmente vistos como sendo fora da norma, autênticos e individualistas. Isso é o quê acontece quando você tem de exemplo gente como Winston Churchill e Le Corbusier.

    ¹baseado em fatos reais.

  • Relíquias indumentárias: Calças Hollywood

    Relíquias indumentárias: Calças Hollywood

    Estava desenvolvendo uma calça prum camarada outro dia, e surgiu a ideia de uma nova categoria pro blog: sobre roupas legais que caíram em desuso. E pra começar, vou falar sobre estas calças que o Frank Sinatra veste na foto (e em mais outras — ele gostava do modelo): as calças Hollywood.

    A razão pela qual vou falar desta e outras peças é que tem muita coisa legal no passado e que pode beneficiar muita gente — isso é, se as pessoas souberem que essas roupas existem.

    Você vê, calças comuns são feitas com uma parte chamada de cós, que é a faixa na cintura que fecha com um botão ou colchetes. Mas no caso das calças Hollywood — nome adquirido porque eram populares com o povo do cinema da primeira metade do século XX — não existe cós: o tecido das pernas continua até a sua cintura e aí é dobrado pra dentro e costurado, gerando essa silhueta alongada.

    Estas calças sempre são feitas com pregas, que sem entrar em complicações técnicas, ajudam muito na hora de fazer a roupa se conformar ao seu corpo na ausência do cós. A versão mais conhecida é com passantes para cinto (geralmente posicionados mais baixo que em outras calças, como na foto do “Ol’ Blue Eyes”), mas ela pode ser pra suspensórios ou ter ajustadores laterais também.

    Desenho técnico do modelo

    Agora, vamos ao mais importante: quais as vantagens dela?

    Um dos princípios de design que se aplica na hora de escolher suas roupas, é que continuidade e linhas verticais alongam a silhueta. Por exemplo: um costume (continuidade) com riscas-de-giz verticais (linhas) faz você parecer mais alto que uma calça e paletó de cores sólidas diferentes.

    E como você deve ter notado na ilustração, a calça tem os vincos nas pernas e as linhas das pregas. Juntando isso com a ausência de cós — eliminando uma linha horizontal — você tem uma silhueta bem alongada. Isto torna estas calças uma alternativa interessante pra você parecer mais alto e mais magro, especialmente se for a versão sem cinto.

    A má notícia é que não são calças que você consegue encontrar prontas. A boa notícia, é que são fáceis de fazer, então você pode ir em qualquer alfaiate e pedir pra ele construir uma pra você.