Author: vinicius.b.gennari

  • Pagando pela qualidade

    Pagando pela qualidade

    Tem uma frase muito boa pra tudo quanto é coisa na vida, que é a seguinte:

    Não existe almoço de graça.

    Isso significa que, se algo está sendo dado “de graça”, é só que você não paga agora, ou não paga de forma tão óbvia (com dinheiro). Se parece muito bom pra ser verdade, é porque é.

    E dá pra aplicar isso em tudo, até na natureza. Já parou pra pensar no porque tem gente alta e gente baixa? É porque as vantagens que vem com ser alto custam algo. Custam mais recursos (você tem que comer mais pra crescer), custam equilíbrio (seu centro de gravidade é mais distante do chão) entre outras coisas.

    Tá, e o quê isso tem a ver com imagem e roupas?

    Isso tem a ver com o valor das roupas, ou mais especificamente, o fato que roupas baratas são baratas por uma razão (ou umas), enquanto roupas mais caras trazem valor de diversas formas.

    O mais óbvio disso é que roupas baratas tendem a durar menos. Isso por conta dos materiais usados na construção, por conta do processo de fabricação, por conta do controle de qualidade, e até por obsolescência programada (fast fashion não tem esse nome à toa).

    Outro lugar onde podemos ver isso, é nas próprias fibras têxteis. Se você compra algo feito de lã, vai pagar mais caro, mas vai ter um tecido que te mantem mais aquecido no frio e refrescado no calor. Mas se pegar algo feito de poliéster, vai pagar mais barato em dinheiro, mas vai pagar caro em desconforto quando usar a roupa.

    Em contrapartida, como já falei aqui, valor é relativo: o quê tem alto valor pra um, não tem tanto para outro. Então, se você sair de roupas baratas e for pro mercado de luxo, você vai pagar em grande parte pela própria ideia do luxo. Um costume Armani é bom, mas não tão significativamente melhor em construção e material de algo vindo de uma marca mais acessível. Porém, a ideia da marca tem muito valor pra quem é cliente deles, e o conforto e segurança de que vai ser algo de qualidade também tem valor, e isso se traduz em um custo mais elevado.

    Sendo assim, é importante entender o quê tem valor pra você. Conforto? Durabilidade? Tendência? Luxo e status?

    Pelo quê você está disposto a pagar?

  • O preço da pressa

    O preço da pressa

    Outro dia um amigo veio me pedir ajuda:

    “Cara, socorro… Preciso de uma roupa pra um casamento no domingo, e só tenho sábado pra ver isso.”.

    Isso era uma quarta-feira, que já era um prazo curtíssimo. Expliquei pra ele que do sábado pro domingo não ia dar tempo de ajustarem a roupa, e que ele tinha que ver isso no máximo até o dia seguinte. Perguntei o orçamento e ele disse que não queria gastar tanto dinheiro. “Bom, rápido, barato: escolha dois”, eu falei pra ele. Ajudei como podia, aconselhei como comprar um costume decente e indiquei algumas lojas.

    Mas uma reunião de trabalho surgiu de última hora, e no fim das contas a esposa foi no shopping pra ver o quê conseguia pra ele. Ele teve que se contentar com algo que sabia que não estava bom e que ele mesmo confessou que só ia usar uma vez.

    Agora, se tivesse mais tempo, dava pra achar por um valor bem em conta algo bom, Daria pra caçar em alguns brechós e encontrar algo muito bom por um preço razoável. Poderia mandar fazer sob medida também, ou ao menos ajustar o quê fosse comprado. Mas por conta da urgência, ele teve que comprar um costume barato que só vai usar nessa ocasião e que depois nunca mais vai querer vestir. O barato saiu caro, tanto em dinheiro quanto em imagem e conforto.

    É importante estar preparado. Isso não significa ter uma roupa pra ocasiões irreais (“esse traje de mergulho é só pra se um dia me convidarem pra ver o Grande Buraco Azul de Belize — nunca se sabe, né?”), mas algumas coisas são essenciais, e um costume é uma destas.

    Todo homem deve ter um costume, então não deixe isso pra depois. Se não ou vai ter que comprar na pressa, e aí vai te custar caro, de uma maneira ou de outra.

  • Relíquias indumentárias: Colete

    Relíquias indumentárias: Colete

    Okay, este não é algo tão esquecido assim, mas é algo incomum o bastante pra valer o lembrete de que “Hey pessoal, isso existe! Vocês podem usar!“. Então, sem delongas…

    Coletes

    O colete é o irmão mais novo da jaqueta do paletó/casaco. O método de construção é similar, mas ele é bem menos estruturado e, obviamente, não tem mangas.

    Originalmente, o colete era usado por baixo do casaco, ou às vezes até substituía ele. No caso de substituir, geralmente era em um look mais casual, visto em trabalhadores braçais e também em entregadores de jornal (que costumavam ser jovens). Ele cumpria a função de cobrir a camisa, esconder os suspensórios e evitar o visual tosco de gravata sem nada por cima.

    Com a casualização do guarda-roupa e ternos (calça, casaco e colete) sendo substituídos por costumes (calça e casaco), coletes foram se tornando mais raros. E isso é uma pena, porque é uma peça bem legal pra deixar seu visual mais interessante de forma fácil: eles afunilam sua cintura ao mesmo tempo que alargam seus ombros, e te dão alguns bolsos¹ extras ainda por cima. Não é à toa que os dândis da era Vitoriana adoravam coletes, em alguns casos até usando mais de um colete ao mesmo tempo².

    ¹ E se tem algo que nós homens gostamos é de ter mais bolsos, que é a principal explicação de calças e shorts cargo ainda existirem.
    ² Ótimo exemplo do porquê nunca devemos seguir cegamente ninguém: mesmo os grandes erram às vezes.

    Note como ele parece ter ombros mais largos graças ao colete

    Mas mais do quê isso, como na maior parte do Brasil tem a questão do calor, ele é uma alternativa muito boa ao casaco, pra quando você não precisa parecer tão absurdamente profissional, mas ainda quer usar uma camisa e gravata (sério, não use uma gravata sem nada por cima da camisa).

    Tipos de coletes

    Sendo parentes próximos do paletó, coletes existem também numa grande variedade. O mais tradicional é o de frente simples, geralmente com 5 botões (deixe o último desabotoado), mas às vezes são feitos com 4 botões (este costuma ser feito pra ser abotoado inteiro³).

    ³ Verifique como ele cai naturalmente: se ao abotoar todos menos o último botão ele abrir um pouco no fim, significa que a modelagem não prevê que este seja abotoado. Se ainda não tiver certeza, deixe o último aberto por via das dúvidas.

    Simples e eficaz

    O mais comum é que o colete seja feito de um tecido na frente e outro nas costas. Isso é uma herança dos ternos: o tecido das costas era feito do mesmo forro do paletó e do próprio colete, pra melhor deslizar na hora de vestir o paletó por cima, e porque você não precisava se proteger ainda mais do frio nas costas, com o paletó em cima. Além do mais, gerava a oportunidade de mostrar um forro legal na ocasião de você tirar a camada de cima.

    Grande parte destes coletes vem com um ajuste nas costas pra apertar a cintura. Isso é algo útil ─ especialmente depois de um bom almoço ─ mas não dependa tanto deste ajuste na hora de escolher um. Se estiver muito largo, pegue outro tamanho, ou mande no alfaiate.

    Além deste, temos como opção comum também o colete de tricô. Tecnicamente, isso era uma peça pra se usar em casa ou situações de lazer, mas com o tempo passou a ser aceito em ambientes profissionais também junto com outros sweaters.

    Uma opção bem confortável

    Este tem uma construção totalmente diferente, considerando que é malha, mas é similar o bastante ao colete de tecido plano. Ele vem em duas versões: o de abotoamento, e o “pullover”. O pullover, como o nome sugere, é o quê você veste passando pelo pescoço, como um sweater comum. Qualquer um dos dois é legal e uma ótima adição ao seu guarda-roupa de inverno, mas se você quer alongar sua silhueta, o de abotoamento vai colaborar mais com a linha vertical que os botões criam.

    Depois disso, vamos para os coletes mais raros; as verdadeiras relíquias. Aqui temos coletes transpassados, também chamados de abotoamento duplo, e os coletes com lapelas. Muito raro encontrar isso pronto aqui no Brasil, se quiser um, vai provavelmente ter que apelar pro sob medida (mas já esbarrei em algumas dessas raridades em alguns brechós, então existe uma chance de achar pronto). Estes tem uma cara bem mais tradicional e “formal” que os outros, então tenha em mente isso.

    Um modelo raro por essas terras

    Os de lapela podem ser feitos com a lapela de entalhe, gola xale, ou lapela de cume (peak lapel em inglês, também conhecida como “gola jaquetão”). Levando a tradição em conta, se for usar um destes com um paletó por cima, deve ser um que tenha gola xale ou lapela de cume, que são mais formais.

    Como usar

    Tirando duas coisas que já vou ensinar, e as notas sobre os modelos menos comuns que fiz acima, não tem muito segredo no uso de coletes: coloca por cima da camisa (ou até camiseta, sério), e abotoe (colete aberto é algo bem desaconselhável). Você pode aproveitar a oportunidade pra usar uma gravata, aliás.

    Agora, as duas coisas que você deve lembrar na hora de usar coletes.

    1. Não use cinto nas calças (isso é essencial)

    Sim, é isso que você leu.

    Coletes originalmente eram vestidos com suspensórios, e tem uma razão bem simples e lógica pra isso: um cinto na cintura das calças gera um volume por baixo do fim do colete, que projeta ele pra frente, ficando estranho pra caramba (parece uma lombada). Existe também a questão que cintos são casuais por natureza, e coletes eram peças mais sérias originalmente, mas a questão prática é bem mais importante.

    Sendo assim, sempre use calças que não precisam de um cinto pra ficar no lugar — e sério, toda calça sua deveria ser assim na verdade, se está precisando de cinto, está precisando na verdade de ajustes — ou use suspensórios. Calças com ajustadores embutidos são aceitáveis aqui.

    Única excessão a esta regra: se for um colete de tricô. Por conta da leveza e casualidade deste, ele não briga com o cinto, então dá pra usar em conjunto.

    2. Seu colete deve esconder o fim da sua camisa

    Em outras palavras: não deve aparecer nada da camisa entre o fim do colete e o começo das calças. Se isso está acontecendo, ou seu colete está curto, ou sua calça está com a cintura muito baixa. Cometendo este erro, vai sofrer os mesmos problemas de quem usa calça de cintura baixa com paletó curto: você divide seu corpo em 3 partes (torso, barriga e pernas, ao invés de torso e pernas) e gera um estranhamento pra quem te vê, além de te deixar mais baixo.

    Não cometa estes dois erros: cinto com colete, e camisa aparecendo

    E aí está, mais uma opção para expandir seu guarda-roupa de forma simples. Um único colete é mais uma peça que você pode combinar com todas as suas calças, todas as suas camisas, e todos os seus casacos, multiplicando assim o número de looks que consegue gerar, sem ter que comprar um monte de roupas novas.

  • Guia pra comprar seu primeiro costume (não é um terno, aliás)

    Guia pra comprar seu primeiro costume (não é um terno, aliás)

    Como disse anteriormente, evito ser muito prescritivo aqui, mas também tenho a noção de que só ficar filosofando sobre imagem e roupas pode deixar você meio perdido na hora de colocar as coisas em prática. E como grande parte do quê me perguntam é sobre alfaiataria (minha especialidade), especialmente como comprar um costume (calça e casaco feitos do mesmo tecido) para uma ocasião especial, aqui vai o guia mais prático, rápido e condensado que consigo. Sem perder tempo então…

    Parte 1: Material e cor

    Chegando na loja, você vai pedir pra provar costumes de lã fria apenas. Aqui no Brasil, costuma-se vender estes pela fiação ao invés da gramatura, então eles vão falar em algo como Super120. Quanto mais alto o número, mais fino o tecido.

    Essa fiação — Super120 — é justamente a ideal, a não ser que você vá usar em lugares muito frios; aí pode pegar em Super100 ou até Super80; ou caso tenha dinheiro pra comprar costumes novos com maior frequência; aí pode pegar Super130 pra cima.

    As suas duas opções de cores são chumbo e azul marinho escuro (nunca preto). Pegue uma cor sólida ou com uma padronagem extremamente discreta. Estas duas cores vão servir em qualquer ocasião fora black tie ou white tie, são discretas o bastante pra ninguém notar que você está usando sempre o mesmo costume, e são as mais versáteis em questão de combinação com camisas, gravatas e sapatos.

    Atente também ao forro: se for de viscose ou raión, ótimo. Se for de acetato, tá legal. Poliéster, apenas se não houver nenhuma outra opção. De seda, só se você tiver a grana a disposição de substituir na hora que começar a soltar tinta nas camisas.

    Parte 2: Caimento, ou fit

    O melhor tecido não vai te ajudar se o costume não estiver bom no seu corpo. Então você vai perguntar ao vendedor se eles tem serviço de ajuste na loja, pois as chances são baixíssimas do costume te servir direto do cabide. Caso não tenham, você vai ou procurar um alfaiate, ou procurar outra loja.

    Casaco

    A gola do casaco deve “abraçar” a gola da sua camisa, contornando ela suavemente.

    Uma gola bem assentada

    Não deve nem ficar um vão entre as duas, nem ficar com o tecido amontoado formando uma corcunda. Um pouco (cerca de 1~2cm) da parte de trás da gola da sua camisa deve sair pra cima da gola do casaco. Se uma estiver engolindo a outra, não está bom.

    A largura das lapelas deve ser preferencialmente a metade do caminho do decote até os ombros.

    Lapelas ideais

    Um pouco mais finas (até 2/5) ou um pouco mais grossas (até 3/5) são aceitáveis; vai do seu gosto. Fora disso (muito finas ou muito largas), evite.

    Escolha lapelas tradicionais como as ideais acima (“notch” em inglês, ou de entalhe). Outros modelos vão deixar o costume “marcado”: todo mundo vai lembrar que é o mesmo que você usou na outra ocasião.

    Os ombros do casaco devem cair na medida dos seus ombros ou passar bem pouquinho (1cm talvez). Se ficar apertado, vai dar pra ver o contorno dos seus ombros quando vestindo o casaco, vai fazer uma dobra abaixo das ombreiras e você mal vai conseguir se mexer. Se ficar largo, vai fazer um monte de dobras do fim do ombro pra manga e você vai parecer uma criança usando a roupa do pai. Isso é quase impossível de ajustar, então se o casaco não servir neste ponto, pegue outro.

    Quando abotoado, tórax deve ficar assentado no seu peitoral, sem projetar pra fora — isso significaria que está apertado. Em contrapartida, se estiver fazendo dobras no tecido, está largo. Um pouco largo é ajustável, mas é difícil por estar próximo às mangas. Apertado, é melhor provar outro.

    A cintura do casaco deve abotoar confortavelmente, sem formar um “X” de tecido repuxado. Preferivelmente, o abotoamento deve ser próximo da sua cintura natural (mais ou menos a altura do umbigo). Se estiver um pouco largo, pode ser ajustado com certa facilidade. Escolha um modelo de 2 botões, e lembre-se de sempre deixar o de baixo aberto.

    Seu casaco deve ter apenas o bolso do peito (pro seu lenço), mais os dois bolsos no quadril, com aletas (as “portinholas” que muitos erroneamente chamam de lapelas). Alguns casacos são vendidos com um bolso extra em cima do direito, ou com bolsos chapa (o quê você vê no traseiro de jeans), mas isso casualiza demais o casaco, então não é bom para um primeiro costume.

    O casaco deve cair confortavelmente no quadril, sem repuxar. No traseiro é preferível que tenha duas fendas, mas dificilmente você encontra isso em lojas, então só certifique-se que a fenda traseira não fica aberta quando você está parado (ela abrir um pouco quando você anda ou senta é normal).

    As mangas do casaco devem ser um pouco mais curtas que as da sua camisa, deixando cerca de 1,5cm (ou 1 dedo) de punho da camisa à mostra quando você veste o casaco. Esse comprimento quase sempre precisa ser ajustado. Se estiverem marcando sua musculatura, estão apertadas. Se o tecido ficar fazendo dobras quando você está parado, estão largas.

    Por último, o comprimento do casaco deve ir até o fim da curva do seu traseiro, ou até uns 3cm acima. Muito mais curto que isso deixa o casaco muito casual. Mais comprido, parece que pegou roupa do seu pai.

    Calça

    A calça é relativamente mais simples. A primeira coisa que você deve conferir é a cintura. Calças de alfaiataria tradicionalmente são feitas pra se usar na cintura natural, que gera um certo estranhamento pra homens acostumados com cintura baixa. O cós da calça vai ficar logo abaixo do seu umbigo, e a calça deve se sustentar sozinha sem a necessidade de um cinto (ele é mais um suporte e acessório na verdade).

    Agora, se você tiver muita barriga, ou se tiver alguma doença que gera desconforto abdominal (como doença de Crohn ou colite), ou se for baixinho e quiser compensar um pouco, pode pedir pra tirar os passantes de cinto e colocar botões internos pra suspensórios. Recomendo muito isso se você se encaixa nos dois primeiros casos. Mas use apenas suspensórios de botão.

    Confira se os bolsos laterais não estão ficando como “orelhas de abano” e se não está fazendo o “bigode de gato” na virilha. Se estiver, a calça está justa no quadril. Também confira se não está acumulando tecido no fim da bunda, parecendo uma fralda. Se estiver, significa que está larga atrás. Isso tudo pode ser ajustado até certo ponto, mas via de regra, é mais fácil encolher algo que alargar.

    Ande um pouco, levante as pernas, e sente para ver se não aperta muito nas coxas e joelhos, nem puxa no gancho (ou cavalo). É normal a calça oferecer alguma resistência quando você senta ou levanta uma perna, mas se isso tá virando praticamente um treino de academia, está apertada.

    O comprimento da calça é a última coisa. Ela deve fazer uma leve dobra sobre seus sapato. Se você for baixinho e quiser, pode até dispensar essa dobra pra ganhar alguns centímetros visuais. Barra italiana é fortemente recomendada para quem for alto, opcional pra quem tiver estatura média, e não recomendável pra quem for mais baixo (a não ser que seja uma barra mais fina).

    Parte 3: O quê vai junto com o costume

    Camisa

    A camisa básica deve ser branca ou azul claro, em cor sólida, 100% algodão — fio 80 é a opção segura, 100 e 120 são mais confortáveis no calor, mas dá mais trabalho pra passar — sem bolso no peito (casual demais), com um colarinho sem botões e de abertura média (nem muito aberto, nem muito fechado, vai formar um ângulo de por volta de 45°), e com punhos simples (deixe abotoaduras pra mais tarde).

    Certifique-se que a gola da camisa tem espaço pra você colocar um dedo entre ela e o seu pescoço, ou ao longo do dia vestindo você vai começar a se sentir enforcado.

    O tórax deve te deixar movimentar os braços sem oferecer resistência demais, enquanto os ombros da camisa casam com os seus ombros. O punho dela deve ir até o seu osso do dedão.

    Preste muita atenção na cintura, especialmente se você for magro. Se a camisa estiver com tecido sobrando que parece um balão, procure outro modelo (preferivelmente sem pregas nas costas), ou mande ajustar e fazer pences. Se você tiver mais barriga, pregas nas costas geralmente geram mais volume pra não ficar apertada, e certifique-se que os botões não estão estourando pra fora.

    Por último, a camisa obviamente deve ser comprida o bastante pra ser colocada pra dentro da calça. E não use a camisa pra fora da calça, pelo seu próprio bem.

    Gravata e lenço de bolso

    Busque uma gravata proporcional a você: se você for mais magro, uma gravata mais fina, e vice-versa se for mais largo. Na dúvida, veja a largura da lapela do seu casaco: isso é a largura ideal da sua gravata.

    Prefira tecidos de seda, em cores sólidas ou padronagens discretas. Pegue algo em bordô, azul escuro, roxo escuro, ou verde garrafa. Aprenda a fazer um nó four in hand (evite o Windsor) e deixe uma covinha na gravata sempre. O comprimento dela pronta deve ir até a altura do cós da sua calça ou alguns milímetros abaixo. Um prendedor de gravata no mesmo metal que usar pro seu relógio (combine seus metais) é muito recomendado.

    Use um lenço de bolso de outro tecido que não o da gravata. A opção segura é algodão ou linho branco, dobrado em um retângulo simples pra ficar cerca de 1 dedo pra fora do bolso.

    Sapatos

    Oxfords cap toe são a escolha mais segura, com Monk Straps sendo a alternativa aceitável. Sem bico quadrado e sem pontas exageradas. A Louie costuma ter ótimas opções e posso recomendar pessoalmente, mas se estiver além do seu orçamento, use apenas de referência de bom design.

    Se escolheu um costume chumbo, sapatos pretos vão ficar melhor, se escolheu marinho, tanto pretos quanto marrons ficam igualmente bons. Escolhendo os sapatos, combine seus couros (cinto/couro dos suspensórios e relógio na mesma cor dos sapatos).

    Por último, compre um par de meias da cor do seu costume.

    Conclusão

    Tem muito mais coisa a ser dita sobre o assunto, mas informação demais provavelmente vai acabar te confundindo ao invés de ajudando, então por enquanto, siga estas recomendações e dificilmente vai errar.

  • Estilo, por Charles Bukowski

    Estilo, por Charles Bukowski

    Estilo é a resposta a tudo,
    Uma maneira nova de abordar algo chato ou perigoso,
    Fazer algo chato com estilo é preferível a fazer algo perigoso sem,
    Fazer algo perigoso com estilo é o quê eu chamo de arte.

    Touradas podem ser uma arte,
    Boxe pode ser uma arte,
    Amar pode ser uma arte,
    Abrir uma lata de sardinhas pode ser uma arte.

    Não são muitos que tem estilo.
    Não são muitos que podem sustentar estilo.
    Eu já vi cachorros com mais estilo que homens,
    apesar que não muitos cachorros tem estilo.
    Gatos o tem em abundância.

    Quando Hemingway espalhou seus miolos na parede com uma espingarda,
    aquilo foi estilo.
    Ou às vezes as pessoas te dão estilo
    Joana D’Arc tinha estilo,
    João Batista,
    Cristo,
    Sócrates,
    César,
    García Lorca.

    Eu conheci homens na cadeia com estilo.
    Eu conheci mais homens na cadeia com estilo que fora dela.
    Estilo é a diferença, uma maneira de fazer, uma maneira de ser feito.
    Seis garças de pé quietas numa lagoa,
    ou você saindo do banheiro, nua, sem me ver.