Author: vinicius.b.gennari

  • Quando foi a última vez que elogiaram seu estilo?

    Quando foi a última vez que elogiaram seu estilo?

    Você se lembra? Se não, isso é um problema…

    Esse é um negócio que eu ensino pros meus clientes: se você passa semanas sem receber um elogio, tem algo de errado. E pode parecer exagero, mas não é.

    Pense bem: toda semana você provavelmente lida com várias pessoas. Dependendo de como é sua vida profissional e social, você talvez lide toda semana com um monte de gente nova até. E se nenhuma dessas pessoas que te vê no dia a dia tem algo de positivo pra dizer sobre seu visual ─ falar o quão elegante, ou bonito, ou arrumado, ou estiloso você está ─ significa que você está comum demais.

    Sabe outra palavra pra comum? Medíocre. Não soa bom, né?

    Nada de errado em ser comum, mas pessoas comuns geram resultados comuns e vivem vidas comuns. Se você quer mais (e se está lendo este blog, provavelmente é o caso), você tem que ser e fazer mais. Se você quer algo diferente, você tem que ser e fazer diferente.

    Não é também pra levar pro outro extremo e ficar vivendo por elogios. A ideia não é ficar massageando o seu ego. E sempre leve em consideração quem está elogiando: tem gente cuja opinião deve importar mais pra você, afinal. Mas lembre-se que elogios são um barômetro do quanto você está acertando na sua imagem.

    Então, você se lembra do último elogio?

  • Wabi-sabi

    Wabi-sabi

    Apesar de eu pregar o desapego, não sou pró fast fashion e roupas descartáveis. Só falo que, quando a roupa já deu o quê tinha que dar, melhor aposentar que ficar andando maltrapilho. É bom minimizar o guarda-roupa.

    Dito isto, existem coisas que com o passar do tempo podem ficar mais bonitas. Os japoneses tem um nome pra isso: wabi-sabi.

    Wabi-sabi é a perspectiva de valorizar a imperfeição e transiência das coisas. Nada dura pra sempre, nada é perfeito, mas você pode enxergar a beleza da decadência e dos defeitos naturais. E você pode ver esta beleza nas suas roupas de diferentes formas.

    Em alguns casos, é um meio-passo antes da roupa chegar ao fim da vida útil. Um bom exemplo disso são jeans¹.

    Depois do primeiro ano de uso, ou as vezes até antes, um jeans começa a ficar com algumas marcas de descoloração. Os joelhos começam a ficar mais claros, as dobras perto da virilha ficam marcadas (o chamado “bigode de gato”), talvez até tenham um rasgo discreto aqui ou ali.
    Isso deixa a calça com a sua “cara”, e essa é a razão também pela qual não recomendo jeans pré rasgados, geralmente vendidos como “destroyed”. Não só eles tem menos tempo de uso, mas também eles sempre tem uma cara artificial, não tem autenticidade, não são realmente “seus”.

    ¹ parece que odeio eles pelo que falo aqui às vezes, mas na verdade só sou contra a hegemonia que deixa todo mundo absolutamente igual

    Em outros casos, a peça pode durar bastante (talvez até mais que você), mas isso não impede ela de mudar com o tempo e ganhar uma cara “envelhecida”. Sapatos e jaquetas de couro são assim: eles ganham uma cor particular – a pátina – com o passar do tempo, conforme a tinta sofre alterações pela ação do sol e elementos.

    E tem a terceira situação, que é a colcha de retalhos. E não uso o termo do forma pejorativa, porque muita roupa fica bem legal assim. Roupas que você remendou e modificou até que ela se tornou algo bem diferente do quê era.

    De exemplo, eu tinha uma calça mais antiga e gasta na época da faculdade. Em algum trabalho que fizemos, peguei tinta de tecido e desenhei nas pernas dessa calça. De uma calça velha e detonada ela se tornou algo interessante: agora era uma “calça Bauhaus” (porque foi matéria na faculdade e achei legal o lance das formas básicas nas cores primárias).

    Então pratique o desapego, mas não deixe de apreciar o ciclo de vida das suas roupas. Aprecie a “beleza da decadência”, como dizia a música do Tears For Fears.

  • Respeito

    Respeito

    A maneira como você se comporta em geral determina como você é tratado: a longo prazo, aparentando ser vulgar ou comum, você fará com que as pessoas o desrespeitem. Pois um rei respeita a si próprio e inspira nos outros o mesmo sentimento. Agindo com realeza e confiança nos seus poderes, você se mostra destinado a usar uma coroa.

    Robert Greene, As 48 Leis do Poder

    Se tem um negócio que aprendi quando era adolescente e que influenciou e ajudou muito minha vida, foi o seguinte:

    O mundo te dá o respeito que você se dá.

    É uma ideia simples, mas eu fui percebendo o quão verdadeira e importante ela é com o passar do tempo. Inicialmente, foi uma coisa que eu aprendi relacionado a garotas: se você aceitar qualquer coisa num namoro, você vai receber “qualquer coisa”. A outra pessoa vai acabar te tratando mal, mesmo que sem querer ─ isso porque nosso inconsciente guia muito de nossas ações.

    Depois de um tempo, eu fui enxergando essa ideia em outras áreas da vida, e percebi como se aplica em tudo: ambientes sociais, trabalho e negócios, e até quando você vai numa loja e o atendimento que recebe lá.

    E a principal maneira que comunicamos o auto-respeito é na nossa imagem: como você se veste, seus cuidados pessoais e sua linguagem corporal. Se você anda todo largado, deixa aquela barba enorme e sem cuidar, e fica curvado e de cabeça baixa, você tá comunicando que não se respeita muito, que não da valor pra si mesmo. Com a sua imagem você tá dizendo pro mundo:

    “Eu não sou lá muita coisa…”

    O mundo vai te tratar de acordo com isso.

    Se ao contrário você se vestir bem, manter barba e cabelo em ordem, andar com uma postura boa, o mundo vai te ver e sentir:

    “Ah, esse camarada merece respeito!”

    Você simplesmente vai ser melhor tratado. E isso não é uma questão de ser bonito ou feio, e sim a maneira que você se apresenta.

    Tudo começa com você mesmo. Se trate com o respeito, que quer receber do mundo.

  • Sapatos ansiosos

    Sapatos ansiosos

    Compartilhando um negócio engraçado que li outro dia…

    Um estudo de 2012 do Journal of Research in Personality¹ tentou medir o impacto dos sapatos nas primeiras impressões. Pra fazer isso, eles selecionaram 208 participantes aleatoriamente ─ os Provedores de sapatos ─ e pediram fotos dos calçados que eles mais usavam. Depois pediram pra estes mesmos participantes preencherem um questionário que coletava as seguintes informações:

    • renda
    • idade
    • gênero
    • ideologia política
    • apego²
    • traços de personalidade³

    Com essas fotos e questionários prontos, os pesquisadores então chamaram outros 63 participantes ─ os Observadores. Estes foram (separadamente) vendo fotos do sapato de um Provedor por vez, e foram informados que era o sapato que a pessoa mais usava. Eles foram então instruídos a ir com a primeira impressão deles e responder o mesmo questionário.

    Consenso

    O primeiro achado interessante foi o grau de consenso entre os Observadores: as respostas que eles deram pras características de cada Provedor eram muito próximas ou iguais. Várias pessoas diferentes, olhando a mesma foto, chegaram as mesmas conclusões sobre o dono do sapato.

    Isso significa que, certa ou errada, a impressão que as pessoas tem baseada na sua imagem é bem uniforme. Bom ter isso em mente pra moldar sua imagem.

    Precisão

    Medindo então a precisão das respostas, nos primeiros três fatores ─ renda, idade e gênero ─ os Observadores acertaram bem: o quê eles achavam correspondia bastante com as características do Provedor do sapato.

    ideologia política e traços de personalidade, os resultados não foram significativos: as respostas do Observadores não correspondiam muito com as características do Provedor.

    Então pra dados demográficos, sapatos são bons indicadores. Pra personalidade no geral… Não muito.

    Mas o achado mais interessante do estudo é o quê descobriram depois…

    Ansiedade

    Quando avaliando o apego do dono do sapato, os Observadores acertaram muito na hora de julgar se a pessoa era ansiosa ou não. Eles acertaram quase tanto quanto acertaram a idade do Provedor, impressionantemente.

    Os pesquisadores acharam isso curioso, e então eles computaram de novo os resultados, desta vez de forma que minimizasse o papel que estereótipos ligados a renda, idade e gênero pudessem estar fazendo neste julgamento.

    Pra surpresa deles, o resultado ficou ainda mais preciso!

    Ou seja: só pelos sapatos da pessoa, sem levar em consideração se era rico ou pobre, jovem ou velho, homem ou mulher, as pessoas conseguem dizer se o dono é ansioso ou não.

    Faz a gente pensar, né?

    ¹Volume 46, Issue 4, August 2012, Pages 423-430: Shoes as a source of first impressions.

    ²De acordo com a teoria do apego em adultos.

    ³Seguindo o modelo dos cinco fatores globais.

  • Conforto não significa desleixo

    Conforto não significa desleixo

    Ligado ao tópico da semana passada, sobre como se vestir quando você só vai ficar em casa, acho que é muito importante esclarecer uma coisa:

    Estar confortável não implica em estar largado.

    É, eu sei. “Grande revelação”, né?

    Mas falando sério, se você prestar atenção por aí (e talvez até em si mesmo), vai perceber na prática essa ideia inconsciente que tem na cabeça dos homens brasileiros: de que conforto e elegância são coisas opostas. Ou você se veste bem, ou fica confortável. Ou você fica largado, ou tá incomodado.

    O exemplo mais óbvio disso é o monte de homens adultos, em plena cidade grande, usando shorts no dia a dia. Só que a realidade conta uma história bem diferente dessa ideia de “conforto = desleixo”, e vou ilustrar com uma situação que já me aconteceu bastante…

    Eu raramente uso algo além de calças de alfaiataria. Calças de lã fria, mais especificamente. No verão, muita gente pergunta “nossa, você não fica de shorts nem em casa?!”. E a resposta é “não”.

    “Mas por quê?”

    Porque, ironicamente, uma calça de lã fria esquenta menos que um shorts de sarja (jeans é feito de sarja, aliás). Então eu estou ao mesmo tempo mais elegante, e mais confortável.

    Irônico, né?

    Agora, não vou mentir e dizer que tudo que é elegante é mais confortável (gosto de gravatas, mas no calor elas incomodam), ou que algumas coisas mais desleixadas não trazem conforto (pijamas são de moletom por uma razão). Mas a lição é que você não precisa sacrificar completamente sua imagem só pra se sentir fisicamente confortável. Dá pra ter os dois!

    E é só uma questão de pensar na hora de comprar suas roupas, e principalmente, prezar por qualidade.

    • Entre uma camisa social de algodão fio 120 e uma camiseta de futebol de poliéster, qual você acha que trás mais conforto? Depois que você sentir seu próprio suor todo grudado na pele, porque poliéster não absorve umidade, você sabe a resposta.
    • Entre uma calça de linho e um shorts de sarja de algodão com poliéster, qual é mais leve pra usar no verão? Quando você sentir uma brisa através da calça, enquanto ficaria com tudo assando dentro da cueca se estivesse de shorts, aí vai se ligar que tem uma opção melhor e mais elegante. E por aí vai.

    E além disso, leve em consideração o conforto psicológico, que é essencial. Você já foi em alguma festa, e chegando lá, se ligou que tava vestido de forma bem inapropriada? Achou que era uma coisa mais descontraída e casual, e quando chegou descobriu que era o único que não usava um costume? Aposto que passou o resto da festa se sentindo completamente deslocado. Pois é…

    Dá pra se vestir bem e estar confortável. Não caia nessa armadilha de que é um ou o outro.