Author: vinicius.b.gennari

  • Roupa de ficar em casa

    Roupa de ficar em casa

    Se tem um hábito bem ruim que muitos de nós desenvolvemos ao longo do tempo, é o de ficar largado em casa. O clichê do cara usando uma regata velha (e manchada de suor) e uma cueca (talvez furada) no sofá de casa é verdade pra muitos de nós homens, infelizmente. Mas se você se vestir é um ato de consideração aos outros, você não tá cometendo um erro aí?

    Pense: mesmo que ninguém mais te veja, a pessoa mais importante do mundo ainda vai te ver ─ você mesmo. Ao menos de vez em quando, passando pelo espelho do banheiro, ou de manhã, quando estiver se vestindo. Você vai apresentar pra si essa imagem tosca?

    Sem falar que seu inconsciente pega isso: vai ficar no fundo da sua mente que você tá largado. E isso vai virando sua identidade pra si mesmo ─ o cara largado. Você começa a acreditar que você é assim. E depois quando sair e ver outras pessoas, isso vai te afetar. Quando você finalmente decidir se vestir direito, vai se sentir estranho, como se não fosse você mesmo.

    É claro que não precisa ir pro outro extremo e ficar engravatado em casa (mas nada contra se você preferir isso também). Mas pelo menos se vista como se fosse na casa de um amigo.

    Você tem uma calça ou outra mais antiga, que não tá tão legal pra sair de noite ou trabalhar, mas ainda te serve bem e tá bonita? Veste essa. Coloca uma camiseta básica, ou uma polo também, nada demais, mas algo simples e decente. Pronto. Sem complicação.

    Você pode ficar confortável, mas ao menos arrumado o bastante pra ver gente. Porque você é gente afinal, e você vai se ver.

  • Se vestindo por prazer

    Se vestindo por prazer

    Se você usa qualquer coisa além do tedioso jeans+camiseta, inevitavelmente vai acabar escutando em algum momento alguma variante de “tá todo arrumado por quê?“. E eu já expliquei de várias formas as vantagens, e já dei várias razões aqui pra investir um pouquinho de tempo na sua imagem e nas roupas que veste. Mas refletindo sobre o assunto outro dia, me liguei que se alguém me perguntar o porquê eu me visto como me visto, a única resposta sincera vai ser:

    Porque eu gosto!

    Se vestir bem é muito prazeroso. É o motivo pelo qual alguns caras tem uma coleção de sapatos que precisa de um cômodo próprio. É a razão pela qual, quando você termina de se arrumar, se olha no espelho e sorri sem perceber. Você simplesmente se sente melhor.

    Então se pergunte: você tem sentido prazer em se vestir, ou quando termina de se arrumar fica se sentido “mais ou menos”?

    A vida é curta pra não gostar das próprias roupas.

  • Arriscando quando você é jovem

    Arriscando quando você é jovem

    Outro dia, aconselhando um camarada mais novo ─ 18 anos pra ser exato ─ ele contou que shorts cargo eram basicamente tudo que ele usava quando não fazia frio. Mas depois de ler por aí (e ouvir vários comentários negativos na vida real), percebeu que estes são considerados cafonas e que muita gente é da opinião de que homens nunca deveriam usá-los.

    Eu expliquei então pra ele que certas roupas carregam conotações sociais bem fortes. E querendo ou não, na maior pate do mundo as pessoas vão ter uma reação negativa a shorts ─ duplamente se forem cargo. É inconsciente e automático, como grande parte das nossas reações a respeito da imagem alheia (ou própria). A impressão geral é que dá uma infantilizada no visual do sujeito, e ele fica com a imagem de quem não soube se tornar adulto. No caso de alguém mais novo, parece só que ele não quer crescer mesmo.

    Aí ele perguntou, “Eu devo mudar meu guarda-roupa?“. Ao que respondi: “Você tem 18 anos, é uma boa hora pra começar a experimentar com a sua imagem“.

    E isso me deixou pensando na grande vantagem que temos quando jovens: podemos arriscar bem mais. O resto do mundo não vai te julgar tanto por tentar um monte de coisas diferentes; fica subentendido que você ainda está se descobrindo, achando seu caminho e seu próprio estilo de fazer as coisas ─ se vestir entre elas.

    Isso não é uma desculpa pra não arriscar se você for mais velho, claro. “A sorte favorece os ousados“, já diziam os romanos. Mas se você é mais jovem, tem uma desculpa ótima experimentar mais ainda.

    Sim, você vai errar. Isso é inevitável. Mas se você errar mais rápido, vai acertar mais rápido também. Então arrisque mais.

  • Cultivando sua imagem

    Cultivando sua imagem

    No campo social, aparências são o barômetro de quase todos os nossos julgamentos, e você nunca deve se enganar de que as coisas são de outra forma.

    Robert Greene, As 48 Leis do Poder

    Peguei pra ler o clássico As 48 Leis do Poder, e me deparei com a frase acima. Vem do capítulo onde o autor fala da importância de cuidar da sua reputação — como você é visto — a qualquer custo. Conforme ele explica, as pessoas a nossa volta, não importa o quão próximas, sempre serão até certo ponto um mistério indecifrável. Eles sempre vão ter algumas características secretas que você jamais vai conhecer. E vice-versa: você sempre será um mistério aos outros.

    Por conta disso, seres humanos aprenderam ao longa da sua evolução a julgar pelas aparências, começando pelo que é mais fácil e imediato: roupas, gestos, palavras e atos. É a única maneira de fazermos algum julgamento sobre os outros e não enlouquecer pensando demais no assunto.

    E essa é a razão pela qual é absurdamente importante manufaturar e manter uma reputação que é criação sua. Se você cria sua imagem, você tem mais controle pela forma que os outros te enxergam. Afinal, seu verdadeiro eu jamais vai ser completamente conhecido pelos outros, querendo ou não. Então decida como quer ser visto, ou os outros decidirão por você.

    E não sei você, mas eu confio mais em mim mesmo do quê em gente de fora.

  • Cinturas de calças

    Cinturas de calças

    Outro dia, num grupo de discussão onde eu comento ocasionalmente, um camarada compartilhou a foto do visual novo que adquiriu pra trabalhar no setor financeiro. Era uma jaqueta um blazer com uma calça chino e uma camisa xadrez. Em princípio, não tinha nada de errado com a ideia geral, mas indumentária masculina é uma coisa muito de detalhes e proporção, então eu dei uns toques a respeito do quê dava pra melhorar, e uma das coisas principais era mexer na cintura da calça.

    E esse é um assunto importante de abordar, porque é um erro tão comum que homens cometem e uma das coisas que mais impacta negativamente a imagem deles. Pra isso eu fiz uma ilustração demonstrando a diferença que faz a cintura da calça.

    Rola uma ilusão de ótica se você prestar atenção: ambos tem a mesma altura, mas se não estivessem lado a lado, ia pensar com o segundo é mais alto.

    Como dá pra ver acima, o torso do modelo com a cintura baixa parece mais longo, o quê encurta as pernas e tira muitos centímetros da altura aparente dele. Além disso, quando você isso vê na vida real rola um estranhamento, parece alguém muito fora de proporção e nossos instintos não curtem isso. Sem falar na aflição que dá de ver que a calça parece que vai cair…

    Em contrapartida, uma calça com a cintura natural¹ — isto é, logo abaixo do umbigo — faz o contrário: o camarada parece mais alto e com proporções ideias. É por essas que alfaiates sempre fizeram calças assim. Afinal, grande parte da magia da alfaiataria é deixar o homem mais próximo das proporções masculinas ideais.
    ¹muitos chamam isso de cintura alta, mas alta mesmo seria algo como num costume zoot.

    “Ah, então você tá dizendo que eu não posso usar calça com a cintura baixa?”. Você pode fazer o quê quiser. Mas recomendo pensar no que te ajuda mais. Digo, dá pra manobrar o carro com o joelho, isso não significa que é uma ideia boa ou eficiente.
    E cintura baixa, exceto para uma parcela muito pequena de homens, que tem as pernas extremamente compridas em relação ao torso, atrapalha muito mais que ajuda.

    Se quiser mais exemplos, pode pesquisar por imagens de moda masculina em meados de 2000 e tantos e vai ver um monte de calças de cintura baixa. E vai ver também a combinação “genial” que costumavam fazer, de colocar junto um casaco de alfaiataria curto. Isso dividia a silhueta em 3 partes: torso curto, barriga longa, e pernas curtas.

    Mas além do aspecto estético (que é muito importante, é claro), existe uma questão prática: calças na cintura natural se seguram melhor. Pra maior parte de nós, este é o ponto mais fino do torso, então a calça não tem tanta facilidade de escorregar e você não precisa puxar pra cima o tempo todo. E mesmo para aqueles de nós que tem mais barriga, a curva da lombar faz com que a calça fique limitada no quanto vai cair².
    ²mas suspensórios são uma alternativa melhor pra estes casos, e vou escrever um post sobre o assunto eventualmente.

    Por sorte, atualmente a cintura natural está na moda, então que tal aproveitar e comprar algumas calças assim?