Author: vinicius.b.gennari

  • Reduzindo o impacto comprando usado

    Reduzindo o impacto comprando usado

    Continuando ainda sobre brechós, vou falar de mais um ponto positivo sobre comprar neles: a redução de poluição.

    A produção de tecidos e de roupas é algo muito poluente, (tem alguns documentários sobre o assunto se você quiser ver, como River Blue, que dá pra assistir online). Mas sendo realista, a verdade é que não vamos parar de nos vestir (foi mal nudistas, mas o resto do mundo não vai aderir).

    Seres humanos gostam — e sempre gostaram — muito de se enfeitar. Se quer uma prova, é só escolher qualquer tribo de caçadores-coletores numa região bem quente do planeta, como nas savanas africanas, ou na Melanésia, ou mesmo aqui na própria América do Sul. É quente demais pra ficar usando roupas? Então a gente se enche de acessórios¹ pra compensar!
    ¹Um dos mais curiosos sendo o koteka. Pesquise por conta e risco, e depois agradeça não ter nascido em certos lugares…

    Então, mesmo que tudo esteja perfeitamente climatizado e que não tenhamos mais nenhum pudor, nós ainda vamos querer nos enfeitar e nos comunicar com a nossa imagem. Sendo assim, comprar menos roupas novas é uma alternativa pra pelo menos reduzir o impacto negativo no meio ambiente.

    Por sorte, estamos numa época em que brechós são mais populares que nunca, então achar um decente tá bem fácil. Se você mora em alguma metrópole, é só procurar bem rápido na internet que vai encontrar alguns pra visitar.
    Se não mora, muitas igrejas, centros espíritas e outras organizações religiosas promovem bazares para arrecadar fundos.
    E em último caso, você pode procurar na internet. Existem brechós virtuais que você acha pelo Instagram ou Facebook, assim como sites dedicados a isto, o mais famoso sendo provavelmente o Enjoei.

    Então hora de garimpar.

  • O “achado” do brechó

    O “achado” do brechó

    Falei sobre desapegar de roupas antigas na semana passada, e nas sugestões eu comentei de levar num brechó ou bazar. Bem, aproveitando sua viagem, você pode também dar uma conferida no quê tem de bom!

    Comprar em brechós (ou “lojas vintage”, como o povo fala lá fora), é algo muito popular na Europa e Japão, e cada vez mais popular por aqui também, com um monte de lojas surgindo em toda cidade e até online. Então hoje vou falar de duas vantagens pra te empurrar nesta direção…

    Pra começar; e pra quem está começando; cometer erros na hora de comprar roupas custa dinheiro (obviamente). E você vai cometer erros, inevitavelmente. Então, quanto mais baratos você puder fazer estes erros, melhor. Leva um tempo pra se acostumar com o quê serve bem no seu corpo, que cores te favorecem, o quê se encaixa no seu estilo de vida, entre outras coisas.

    Conhecendo alguns brechós, você consegue experimentar mais com estilos diferentes sem quebrar o banco. Não só isso, brechós via de regra vão ter padrões de modelagem mais variados que uma loja de marca. Assim, você consegue aprender que modelagens te agradam mais e caem melhor no seu corpo.

    Mas mesmo que você já esteja mais avançado, tem um apelo forte na compra em brechós: o fenômeno do “achado”. É quando você encontra algo raro, de alto valor, por quase nada.

    Eu lembro de uma vez, que fui no centro de São Paulo conhecer um brechó novo. Não é a coisa mais fácil achar roupas pra mim — minhas proporções são extremamente incomuns — mas sempre dou uma caçada em acessórios, como gravatas e lenços de bolso. Eis que, fuçando em uma das araras, eu acho um costume que só de tocar dava pra saber que era algo de ótima qualidade.

    Eu tirei pra ver melhor, e era um costume risca-de-giz marinho escuro, belíssimo, com lapelas pontudas e um forro desenhado. Não ia servir em mim pelo tamanho, mas parecia do número de um amigo meu, então tirei umas fotos e mandei pra ele. Aí, conferindo um pouco mais, acho a etiqueta…

    Era só um Ralph Lauren Purple Label. A linha mais cara do tio Ralph.

    Conversei com o povo do brechó, e eles me contaram que as roupas de lá eram selecionadas de cidades do interior. Em alguma cidade aí, algum camarada endinheirado, ou tava trocando de guarda-roupa, ou tinha morrido, e nessas o costume veio parar perto da praça da República.

    Não prometendo que toda viagem prum brechó será assim, mas é uma possibilidade. E aí, além de uma roupa boa, você vai ter uma boa história.

  • Desapego

    Desapego

    Essa calça aí da foto era minha calça favorita. Eu mesmo fiz a modelagem e cortei. O tecido era uma lã muito confortável (que esquenta bem menos que muita gente pensa), num marinho bem escuro quase preto e as pregas me davam uma boa mobilidade.

    Mas essa calça foi feita há cerca de 4 anos atrás. De lá pra cá eu consegui (com muito esforço) ganhar 10 kg. A calça teve que ser ajustada algumas vezes, mas tem um limite pro quanto dá pra fazer isso. Além do mais, ela teve bastante uso.
    Como eu mantenho um guarda-roupa mais minimalista, eu usava essa calça duas ou três vezes por semana. Ela sofreu um acidente aqui ou ali também, precisando de reformas, o mais grave sendo quando uma cadeira de palha enganchou nela e abriu um rasgo atrás (sorte que eu tava de cueca preta).

    Então, uns meses atrás eu aposentei minha calça favorita. Simplesmente não tava mais legal pra usar em público. E pensei na dificuldade que temos às vezes com isso.

    Suas roupas não vão te servir pra sempre. Algumas vão gastar, outras vão ficar pequenas/grandes por conta do seu corpo mudando, e muitas vezes seu estilo vai mudar ao ponto que elas não vão mais fazer sentido. Quando isso acontece, você tem duas opções:

    1. Deixar a roupa guardada no armário, acumulando mofo, ocupando espaço e sendo um peso morto.
    2. Desapegar, doando num brechó/bazar ou jogando fora se estiver muito detonada.

    Seja grato pelo tempo que a roupa te serviu, mas não guarde nada que não te serve mais. Quando você faz isso, você atrapalha coisas novas de entrar.

  • Autoestima

    Autoestima

    Estava entrevistando alguns amigos (é sempre bom entender melhor seu público), e entre as perguntas eu coloquei “o quê te leva a buscar uma melhora na sua imagem”. A resposta de absolutamente todos foi alguma variante de:

    “Busco uma melhora na minha imagem pra me sentir melhor.”

    Em outras palavras: autoestima.

    Engraçado contrastar isso com a noção cultural de que imagem é algo superficial, não? E a mesma cultura popular é a que propaga em filmes e séries a montagem do makeover, que sempre conclui com o personagem se sentindo muito melhor a respeito de si mesmo.

    No fundo, todos sabemos que a imagem importa. Mentir pra nós mesmos não resolve nada.

  • Calor com estilo

    Calor com estilo

    A não ser que você more em certos lugares no sul, a realidade é que no Brasil nós passamos bastante calor. O quanto de calor depende de onde você está e qual a época do ano, mas é algo que vai acontecer. Nisso, você tem duas opções:

    1. Andar bem vestido e passar calor.
    2. Usar só shorts e camiseta (…e passar calor mesmo assim).

    Ainda bem que tem maneiras de minimizar o calor sem ficar largado. E a melhor delas é algo que você faz na hora de comprar suas roupas: prestar atenção na etiqueta de composição.

    Isso significa procurar roupas feitas de algodão, linho ou viscose, e fugir de roupas feitas de poliéster, poliamida e acrílico. Isso é porque fibras naturais (e suas derivadas, no caso da viscose) fazem a troca térmica melhor e absorvem umidade. Fibras sintéticas são justamente o oposto. Essa é a explicação resumida do porque, apesar de serem mais caras, as fibras naturais ainda são tão usadas: com elas você derrete menos no calor, e congela menos no frio.

    Uma atenção especial à viscose: por ser uma fibra feita no laboratório (é como um algodão reconstituído), dá pra fazer fios mais finos e longos, que resultam em tecidos mais leves do quê dá pra conseguir com algodão puro. Ela também pega tinta melhor, então você vê muitas camisas de viscose com estampas. Se você gosta de estampas, viscose é uma boa ideia pro calor.

    Agora, tem ainda outra boa opção, mas que dá um nó na cabeça de muita gente: a lã. Sem brincadeira!

    Se você pegar um tecido leve de lã, vai perceber que ele é bem frio ao toque (por essas que costumam chamar de lã fria). A lã é uma fibra natural e tem todas as características que falei acima. O único porém, e a razão pela qual no calor não é tão popular quanto algodão e linho, é que não é tão simples de lavar, secar e passar. Você precisa ter mais cuidado, ou acaba estragando a roupa. E como no calor a tendência é lavarmos mais nossas roupas…

    A realidade que você vai passar calor de uma maneira ou de outra. Mas você pode pelo menos escolher passar calor com estilo.