Author: vinicius.b.gennari

  • “Mas eu não tenho estilo…”

    “Mas eu não tenho estilo…”

    Não sei se você já caiu na armadilha de pensar isto, mas eu sem dúvida já escutei muitos homens falarem que não tem estilo. Em alguns casos é um cara normal, e como todo cara normal ele nunca foi ensinado direito como se vestir e cuidar da própria imagem. Então esse camarada não sabe nem por onde começar e sente que é um caso perdido (ou muito difícil). Em outros casos, é um sujeito que um dia “teve estilo”, mas sente que perdeu com o passar do tempo.

    Então acho importante definir o quê entendemos por estilo, pra nós conversarmos na mesma língua. Até porque, grande parte desta armadilha do “eu não tenho estilo” provém de uma ideia errada do quê o termo significa.

    Quando falamos de estilo, estamos nos referindo a uma das seguintes definições:

    1. elegância, graça ou beleza
    2. a qualidade de estar na moda
    3. maneira ou método de fazer algo
    4. maneira distinta de expressão

    Destas quatro, se você pensa que não tem estilo, é porque está usando uma das duas primeiras definições. Agora, elas podem ser úteis em determinadas situações, e quando você estiver melhor no controle da sua imagem vai acabar ouvindo com certa frequência o elogio “você tem estilo/é estiloso” no sentido destas. Mas, pra sua jornada de melhora da própria imagem, a terceira definição é muito mais útil.

    Porque, se perguntarmos pra várias pessoas do seu cotidiano como é a sua imagem, elas vão saber te descrever muito bem. Em outras palavras: você já tem um estilo. Seu estilo talvez não seja algo que você tem tanta consciência ou controle ainda, mas ele existe.

    E da mesma forma que você aprendeu a engatinhar, depois andar, aí então correr, e finalmente saltar, seu estilo vai sendo desenvolvido gradualmente. E tudo começa com você reconhecendo o estilo que já tem — sua maneira comum de se vestir. E talvez perceba que você ainda tá engatinhando. Então agora é hora de aprender a andar (e cair algumas vezes no caminho).

    Ah, e a quarta definição que coloquei ali? “Maneira distinta de expressão”? Isso é o quê estilo vai significar quando você tomar controle da sua imagem. E aí a coisa fica divertida. Como diria Bukowski:

    estilo é a resposta a tudo
    […]é a diferença.
    uma maneira de fazer,
    uma maneira de ser feito

  • O caminho

    O caminho

    O Caminho do guerreiro não inclui outros Caminhos, como o Confucionismo, Budismo, certas tradições, conquistas artísticas e dança. Mas mesmo estes não sendo parte do Caminho, se você conhecer o Caminho amplamente, você o verá em tudo.

    Miyamoto Musashi, O Livro dos Cinco Anéis

    Muitas vezes falo de assuntos que não são diretamente ligados a imagem ou roupas. Coisas como estabelecimento de hábitos, princípios matemáticos, padrões psicológicos, ou filmes do Stallone.

    Considerando o tema deste blog, isso pode soar engraçado. Mas eu tenho duas ótimas razões para isso, e acho que explicá-las pode te ajudar também.

    A primeira, é que pessoas diferentes vão entender as mesmas ideias de formas diferente. Então eu uso diversas analogias, como me referir às suas roupas como ferramentas, ou cabines de aviões. Minha função aqui é te ajudar, e só posso fazer isso se você entender o quê falo. Então vou falar de tudo quanto é jeito pra você entender.

    A segunda razão, é que através de analogias conseguimos novas ideias e perspectivas. Muito do quê sei sobre me vestir eu fui tirando de outras fontes que não tinham nada a ver com o assunto¹. E tenho certeza que você já teve essa experiência também, aprendendo um instrumento musical, uma nova profissão, um esporte novo, etc. Você relacionou o negócio que estava aprendendo a alguma outra coisa na sua vida e conseguiu melhorar desta forma.
    ¹ sem brincadeira, uma quantidade surpreendente do meu conhecimento veio de videogames

    Então pense no ensinamento de Musashi: O quê você pode usar de outras áreas da sua vida pra entender e melhorar sua imagem?
    E o contrário também: O quê aprendeu sobre sua imagem que pode aplicar no resto da sua vida?

    Veja o Caminho em tudo.

  • Comprando com versatilidade

    Comprando com versatilidade

    Eu estava folheando um livro esta semana e li um negócio interessante sobre o ator inglês David Niven¹. Segundo a história conta, sempre que ele comprava roupas novas, seja numa visita ao alfaiate ou simplesmente ao comprar uma gravata, ele fazia uma série de perguntas pra si mesmo, como:

    • Que lacunas tem no meu guarda-roupa?
    • Eu teria mais ocasião de vestir um costume transpassado em príncipe de Gales, ou um terno em espinha de peixe?
    • Como posso, com uma única gravata nova, melhor usar todas as minhas camisas sólidas, listradas e xadrez?
    • Que par de sapatos eu poderia usar tanto com uma jaqueta de tweed quanto com um costume de inverno?

    ¹ fato curioso: Sinestro, vilão dos Lanternas Verdes, foi visualmente inspirado nele

    Achei fascinante o raciocínio do Sr. Niven. Essa é uma ótima lição em como comprar com versatilidade e eficácia. Você pode ver que, na hora de adquirir peças novas, é prudente sempre pensar no quê você já tem, pra então considerar o quê ainda precisa. Por exemplo:

    • Se você tem um monte de costumes sólidos, você começa a buscar peças com padronagens.
    • Se seus sapatos são todos pretos, hora de caçar uns marrons.
    • E se não tem camisas xadrez ou listradas, melhor arranjar uma.

    Indo além, podemos ver que um homem bem vestido jamais compra “conjuntos” — roupas que só podem ser vestidas com determinadas outras — e foge combinações pré-prontas (costumes sendo a única exceção, por questões obvias). Então, para ser um homem de estilo, você deve comprar roupas que são usáveis com a maior parte do que já possui, pois isto:

    1. Te economiza dinheiro.
    2. Te deixa mais estiloso — pois parte de ter estilo é saber como criar diferentes e interessantes combinações.

    E quem não gosta de economizar com estilo?

  • Estética é importante

    Estética é importante

    Tem uma coisa engraçada em algumas culturas como a nossa. Essa noção de que estética é algo… Inferior. “Superficial”. Isso é expresso por frases como “não devemos julgar pelas aparências” (como se nosso inconsciente e instintos tivessem essa escolha), que “o importante é o quê está por dentro” (ignorando que o externo é em grande parte uma expressão do interno), e outros clichês, que se traduzem todos em: ignore o quê seus olhos vêem.

    Isso é um grande erro.

    Eu sei, o quê estou falando vai contra muito do quê é pregado pela cultura, e entendo que isso às vezes tem boas intenções. Mas basta uma hipérbole para vermos o quão falsa é essa ideia de quê devemos ignorar a informação visual.

    Imagine um leão. Vivo e saudável, no seu quarto, com você dentro. Ele está encarando e lambendo os beiços.

    Eu não preciso te explicar que isso não é um prospecto legal. Mas por quê? Como você chegou à conclusão de quê o leão é um perigo?

    Bem, você conhece a forma de um leão. Você sabe que ele tem esse tamanho assim, e uma juba, e esse focinho, e as quatro patas. Essa informação visual é relacionada a certos instintos e conhecimentos que possuímos. Isso tudo te informa que esse bichano super-desenvolvido é terrivelmente perigoso pra você.

    Então sim, o quê vemos é importante. Muito importante. É um dos 5 sentidos externos que usamos para conhecer o mundo e nos guiar através dele. Inclusive, é o sentido do qual a grande maioria da humanidade mais depende.

    Imagina se alguém te falasse que sons são algo superficial, e você é idiota por gostar de música. Ou que o paladar é algo inferior e você tá perdendo seu tempo degustando comida boa. Por que então tratar a visão de forma diferente?

  • Tratamento diferenciado

    Tratamento diferenciado

    Hoje vou compartilhar uma história pra explicar um pouco minha abordagem prática no que diz respeito à imagem.

    Há alguns meses atrás, foi o Dia dos Pais. Estávamos eu e meu irmão almoçando com nosso pai e nossa mãe, e em determinado momento o assunto foi indo pra direção de “como as pessoas te tratam por conta de como você está vestido”.

    Meu irmão é músico, e uns tempos atrás tinha passado numa rua em São Paulo famosa por lojas de instrumentos musicais. Junto foi um amigo dele, vestido com roupa de trabalho, que no caso era algo bem “roupa de bater”, como dizem.

    O quê aconteceu foi que eles passaram em várias lojas, onde os vendedores não davam a menor atenção pros dois. Ninguém fazia questão de atendê-los. Em contrapartida, eles viram alguns camaradas sendo muito bem recebidos. A diferença era que estes estavam mais arrumados.

    Depois de bastante frustração, eles decidiram ir na loja de um conhecido. Eles sabiam que ia ser um pouco mais cara, mas que lá iam ser bem tratados. Meu irmão comprou o quê queria (acho que era um amplificador), e ficou com a história pra contar nesse almoço.

    Agora, podemos ficar falando de como os vendedores foram babacas e deviam ter dado atenção pros dois. Mas…

    A realidade é que muita gente vai te tratar de uma forma ou outra pela sua aparência. É completamente inevitável. Mais do quê isto, grande parte do tempo é inconsciente. Eu e você fazemos o mesmo grande parte do tempo (provavelmente não no nível de babaquice destes vendedores, mas fazemos).

    Por essas eu tenho uma abordagem mais pragmática. Como costumo dizer: reclamar que tá chovendo não faz parar de cair água do céu. Você pode abrir um guarda-chuva, que é a atitude pragmática, ou você vai ficar molhado. A escolha é sua.