Author: vinicius.b.gennari

  • Síndrome do impostor

    Síndrome do impostor

    Há uns meses atrás, eu escutei uma entrevista com o músico e cineasta Rob Zombie. Durante a entrevista, ele falou que sofre do que chamam de “síndrome do impostor”.
    Este fenômeno é aquela sensação de que você não é tão bom quanto os outros dizem que você é. No exemplo dele, apesar de ser um músico famoso e bem sucedido, ele sempre tem um certo medo de um dia as pessoas descobrirem que ele não é tão bom assim.
    E isto acontece com todo mundo, com algumas pessoas sendo mais afetadas e por mais tempo, enquanto outras superam mais rápido.

    E o quê isto tem a ver com a sua imagem? Muita coisa, na verdade. Façamos um experimento mental. Pense na última vez que cortou o cabelo (mesmo que não tenha mais, provavelmente vai lembrar da experiência, ou pode substituir pela barba se tiver uma).

    Você enrolou “um pouco” pra ir no barbeiro. Tinha um milhão de coisas pra fazer antes e isso não era tão importante de qualquer maneira. Bem, não era até seu cabelo começar a incomodar demais. Então você finalmente foi dar um trato — e pediu pra deixar bem curto (pra não ter que voltar tão cedo). Surpreendentemente, quando terminou, ficou até feliz com o resultado…

    Até a manhã seguinte. Quando se viu no espelho. E não se reconheceu.

    Essa sensação ruim, na verdade, é o seu cérebro tentando reconciliar a sua autoimagem com o quê está vendo, e tendo dificuldade nisso. É muito diferente do que lembrava!
    Mas, com o passar dos dias, você vai lentamente se acostumando. Depois de uma semana provavelmente, já está normal de novo. Você se enxerga do jeito que vê no espelho.

    …até o próximo corte, é claro.

    Então, como vimos, isto é comum a todo mundo, e está ligado à sua autoimagem. Quando você muda suas roupas e como se apresenta, você pode ficar com certo medo de descobrirem que você está “fingindo” ser um cara bem vestido. Pode não se reconhecer inicialmente.
    Mas, assim como com o corte de cabelo, a cada dia fica um pouco mais normal. Até que chega um dia em que, você se vestir como antigamente se torna algo estranho (e assim como no corte de cabelo, só se dura até você decidir ousar um pouco mais).

    Então não tenha medo de mudar (fácil dizer, eu sei, eu sei…). Só sempre mantenha a perspectiva que, no começo é estranho e desconfortável, mas depois tudo melhora. Ou, como eu costumo dizer: Tudo dá certo no fim. Se não deu certo ainda, é porque ainda não acabou.

  • Alfaiataria ≠ Formal

    Alfaiataria ≠ Formal

    Estava conversando com um amigo outro dia, e ele dizia que precisava colocar mais alfaiataria no visual dele — que segundo o mesmo, “não é 100% formal, mas também não devia continuar como é, no 0%”. Isso me lembrou da distinção que passa batida por grande parte dos homens, entre alfaiataria e formalidade.

    Vou chutar aqui que você tem um jeans ou alguma outra calça de sarja no seu guarda-roupa. Bem, isto é algo que veio da alfaiataria. Os primeiros jeans foram criados por um alfaiate pra servirem de calça reforçada pra trabalho braçal — por isto os rebites e os bolsos chapa.

    Chuto também que você tem alguma camisa esporte. Mangas curtas, tecido estampado, gola mole, etc. Uma camisa do tipo que não funciona com gravatas, muito menos um costume. Isto é alfaiataria também, mas você vai concordar que não é formal, né?

    E este é o ponto: A maior parte das roupas masculinas tem origem na alfaiataria já. Mas isso não torna elas formais, como percebe.

    Não que você deveria ter medo de se arrumar mais, aliás. Mas se quer roupas casuais de alfaiataria, é só buscar algumas com elementos mais esportivos pra conseguir uma imagem levemente relaxada, e ainda vai ganhar as vantagens das roupas de alfaiataria.

    Algo com mais textura, como um casaco de veludo. Ou num tecido com padrões, como uma calça com listras grossas. Talvez uma roupa meno estruturada, como uma camisa oxford. E mesmo qualquer peça em cores mais chamativas. Tudo isso vai deixando sua roupa mais casual.

    Você pode tornar sua imagem mais esportiva com combinações também. Calças de alfaiataria com camiseta e uma jaqueta de denim. Jeans com blazer e camisa esporte. Etc.

    Há um mar de possibilidades aí. Que tal explorar mais?

  • Arrumado demais

    Arrumado demais

    Grande parte dos homens tem este medo infundado: o medo de estar “arrumado demais”. Também conhecido como estar “overdressed”, é a ideia de que você não pode estar muito “chique” no dia a dia. Não pode usar sapatos sociais ou roupas de alfaiataria fora de alguma ocasião, etc.

    Te pergunto: você tem medo de ser mais bonito que a média? Tem medo de parecer mais competente ou inteligente? Medo de dar a impressão de ser bem sucedido — socialmente, financeiramente, afetivamente? Provavelmente não.

    Então por quê teria medo de se vestir bem? Se vestir é, afinal, uma forma de comunicar estes atributos.

    Este medo, no fundo, vem de pressão social. Medo do julgamento alheio, de escutar comentários “originais” como “Onde é o casamento?”, e outras “genialidades” dignas de quem faz a piada do pavê. E na minha experiência, este medo se manifesta de 3 formas principais:

    1. Medo de se destacar
    Basicamente, isto é o medo de estar diferente e ser julgado pelos outros. Aí temos que lembrar: só não é julgado quem é insignificante. Ou, parafraseando Arnie: Dó é de graça, inveja você tem que merecer.

    2. Medo de não ser bom o bastante
    Isso é uma falta de autoestima, e a boa notícia é que passa com o tempo. Quando começar a investir mais na sua imagem, vai sentir mesmo uma certa desconexão entre sua aparência externa e o valor que acredita ter. Com o tempo você vai se enxergar como mais valoroso e isso vai melhorar. Isso é facilitado também indo devagar com sua mudança.

    3. Medo de não saber e fazer errado
    Como eu disse antes, você vai erar errar, muito. Mas só não perde nunca quem nunca joga. Então comece a errar logo, pra começar a acertar logo também. E é pra isso que estou aqui afinal: te ajudar no caminho e te ensinar.

    Então, chega de desculpas. Da próxima vez que sair, faça um esforço pra estar um pouquinho mais arrumado que de costume. Vai na padaria? Calce um par de sapatos ao invés de tênis de corrida. Vai encontrar os amigos bar e tá frio? Use um casaco de veludo cotelê ao invés de um moletom velho (e coloque um lenço discreto no bolso). Se for na balada, use uma camisa bem ajustada ao invés de uma camiseta (só não abotoe até a gola, por favor).

    De pouco em pouco, você vai aprendendo. E o engraçado é que, eventualmente, o mesmo camarada que fez piada quando você começou a se arrumar mais, vai estar te pedindo conselhos sobre roupas.

  • Tirando proveito da moda

    Tirando proveito da moda

    Semana anterior, falei que os pilares do seu estilo são suas proporções e suas cores. Conheça estes antes de tudo. Depois é importante entender seu contexto de vida — profissional, social e recreativo — e então considerar suas preferências pessoais dentro disso tudo. Mas não adianta saber todas essas coisas e não colocar em prática. É aí que dar uma conferida no quê está na moda pode ser útil…

    Claro, perseguir a moda é uma perda de tempo. No momento que você alcança, ela já mudou e você não está mais “na moda”. Mas, mesmo não existindo mais “fora de moda”, existe ainda o quê está na moda vigente, o quê é novo — e mais importante aqui, o quê está nas lojas.

    Digamos que você é bem magro. Isso significa que lapelas largas não vão ficar proporcionais ao seu tórax. Bem, você está com sorte: lapelas finas estão na moda, então tem uma boa chance de você conseguir um blazer bom pro seu corpo, sem ter que comprar sob medida.

    Ou vamos pensar que você tem coxas muito grossas, e de repente calças com pregas estão na moda. Agora é a hora de trocar algumas calças velhas.

    Se descobriu que fica bem em cores frias, e esta estação está com bastante azul, vale dar uma conferida no quê está sendo ofertado. Etc.

    O ponto aqui é que: enquanto a moda não beneficia a todos a todo momento (e a alguns de nós quase nunca), pode ter coisas que te beneficiem na moda de agora. E isto pode ser uma boa economia quando estiver trocando peças do seu guarda-roupa.

    Então moderação em tudo: não perca o sono se preocupando em estar na moda, mas também não a desconsidere por completo. Ela pode te economizar algum dinheiro e tempo, afinal.

  • Pilares do estilo — proporção e cor

    Pilares do estilo — proporção e cor

    Se você visitar algumas loja de roupas e prestar atenção, vai notar duas coisas. Primeiro, que grande parte das peças está em determinadas cores, as chamadas cores da estação. Segundo que a modelagem das roupas segue um padrão definido por cada marca e modificado de acordo com a moda vigente.

    Só existe um pequeno problema: você não muda de estação em estação, muda? Seu corpo não é completamente diferente porque entramos na “Primavera/Verão”, é?

    Esta é, primariamente, a razão pela qual homens bem vestidos, historicamente tendem a não se preocupar tanto com o quê está na moda (lembrando que Moda ≠ Indumentária ≠ Estilo). Mas como eles se vestem então? Eles aprenderam que, pra se vestir bem, o primeiro passo é conhecer a si mesmo.

    Acho que a maioria de nós já sabe disso instintivamente. Mas a parte complicada é: como eu me entendo? Como estruturo este autoconhecer? Excluindo estilo de vida e gosto por um momento, quando falamos de visual, o paradigma mais prático é dividir sua imagem em dois pilares: proporções e cores.

    Qual é o formato do seu corpo (e rosto), sua altura e largura, proporção de ombros, cintura e quadril, entre outros detalhes, vai definir a modelagem que te favorece. Uma gravata skinny ou lapelas finas ficarão desproporcionais em alguém muito largo, por exemplo. Já uma jaqueta de 3 botões num cara bem alto é uma ideia legal.

    E a cor da sua pele, do seu cabelo e/ou barba, e dos seus olhos, vai definir quais cores harmonizam com você. Um sujeito pálido e de cabelos brancos não vai ganhar nada usando cores intensas e contrastantes — elas vão chamar mais atenção que ele. Enquanto isto, um camarada de olhos azuis pode refletir a cor na gravata e acentuar esta característica de forma harmoniosa.

    Então pouco interessa se celebridade X, Y ou Z usou esta cor e ficou legal, pouco interessa se lapelas finas estão na moda, você tem que sempre se perguntar: isso funciona pra mim? Entendendo isto, você já tem metade do caminho andado.