Author: vinicius.b.gennari

  • Regras e contexto social

    Regras e contexto social

    Já parou pra se perguntar o porquê de algumas regras de vestuário? Como por exemplo, por que não abotoamos o último botão do casaco de alfaiataria? Ou por quê não combinamos marrom com preto? Ou por quê não usamos camisas com bolsos em situações mais formais?

    Enquanto muitas destas regras tem alguma base estética, grande parte das vezes, seguimos estas regras mais por convenções sociais do quê qualquer coisa.

    O mundo não vai acabar se você resolver usar sua gravata sem uma covinha no meio, ou se você não estiver usando couro da mesma cor na pulseira do relógio, no cinto e no sapato. Mas se vestir é um ato social: nós vestimos para nos comunicar e nos apresentar. Ignorar o contexto social acaba sendo algo, na maioria das vezes, negativo a quem o faz.

    Exceto quando a pessoa que está quebrando a regra entende. Quando a pessoa domina o assunto, quando ela sabe expressar sua maestria, e aí então decide ir contra algo da norma, isto funciona como um sinal positivo. Daí vem a máxima de “conheça as regras antes de quebrá-las”.

  • Cabines e ajustes

    Cabines e ajustes

    No fim dos anos 40, as forças aéreas dos EUA tinham um sério problema com acidentes envolvendo caças aéreos. Descobriram que a principal causa era a dificuldade dos pilotos manterem o controle dos aviões por conta das dimensões da cabine.

    Agindo de forma aparentemente lógica, a solução foi medir os mais de 4000 pilotos em 140 diferentes dimensões consideradas relevantes, incluindo coisas como comprimento do dedão e distância dos olhos do piloto pras orelhas dele. Depois foi só calcular a média de cada dimensão e fazer uma nova cabine, o quê supostamente reduziria o número de acidentes. Todo mundo tinha certeza de que ia funcionar.

    Todo mundo menos um jovem cientista, um tenente Gilbert S. Daniels. Envolvido no projeto, ele foi contra o consenso e fez a pergunta: quantos pilotos realmente se encaixam na média?

    A resposta surpreendente, foi que ninguém se encaixava. Todo mundo escapava, um pouco ou muito, em várias das dimensões. A descoberta que fizeram foi que, se você projeta algo para servir numa média, você projeta para servir em absolutamente ninguém (ou, sendo otimista, menos de 1% da população).

    E o quê isso tem a ver com o assunto do blog? Se pergunte: se um dos maiores exércitos da história não conseguiu fazer algo que serve em todo mundo, você acha que uma marca de roupas vai conseguir?

    A solução que eles acharam foi fazer cabines ajustáveis. Por sorte, nossas roupas também são. Então, quando comprar algo que além de jeans e camiseta, que tal perguntar se a loja oferece serviço de ajuste? E se não oferecerem, hora de conhecer algum alfaiate de confiança pra levar essas roupas (ou quem sabe fazer sob medida), não acha?

  • Exibicionismo e Conformismo

    Exibicionismo e Conformismo

    Quando nos vestimos, estamos ao mesmo tempo nos adequando e nos diferenciando. Estamos nos adequando ao vestir calças, porque isto é o aceito em sociedade, estamos nos diferenciando se usamos alguma em cores chamativas. Estamos nos adequando quando usamos uma gravata em um casamento, estamos nos diferenciando se escolhemos um laço.

    Esse cabo-de-guerra é crucial na hora de utilizar sua imagem de forma inteligente. Se você for muito comum, pode desaparecer na multidão e jamais ser percebido. Isto é útil se você quer escapar de alguém, mas não é a melhor coisa quando está tentando ser lembrado. É tudo uma questão de contexto.

    Com isto em mente, podemos seguramente dizer que a maioria dos homens se veste de maneira conformista demais. Apenas peças seguras, jeans com camiseta, talvez uma camisa com uma calça de alfaiataria, mas nada em cores ou padronagens fora do comum. Poucas pessoas são bem servidas tendo uma imagem que passa batida a todo momento.

    Em contrapartida, ser um “pavão” é, na maioria das vezes, algo negativo. Dependendo da sua profissão e estilo de vida, é claro, funciona. Ninguém espera ver um músico famoso vestido “normal”. Mas a impressão que os outros podem ter, é de que você está se esforçando demais pra chamar a atenção, o quê tem conotações negativas.

    Qual a solução? Vai de cada contexto e cada pessoa. Mas ter consciência desta dinâmica é o primeiro passo para usá-la ao seu favor.

  • Informação, identidade e influências

    Informação, identidade e influências

    Continuando de semana passada, onde falei de quem não é bom escutar conselhos, vou agora falar de quem você pode procurar para te dar uma direção e como filtrar as informações que encontrar.

    Entre agora no Instagram. Procure pela #menswear. O volume de conteúdo é absurdo, não? Mas é tudo conteúdo de qualidade? A lógica dita que não. E muitas coisas que um sujeito diz são contraditas por trinta outros. Quem tem razão?

    Quando somos iniciantes em qualquer assunto, é fácil se sentir sobrecarregado de informação. Vou ser sincero e te dizer que não tem caminho fácil, só com o tempo e experiência você vai aprender a separar o quê é útil do quê não é. E isso não significa necessariamente bom e ruim, mas também saber o quê é adequado ou não a você.

    A solução para cometer menos erros é aplicar aqui a mesma filosofia que falei sobre compras. Vá devagar, seja bem cauteloso no começo, aceitando que vai errar no caminho e apenas procurando minimizar os erros. Busque por influenciadores e ícones de estilo mais clássicos para se inspirar, antes de seguir os mais inovadores. Livros tradicionais como O Gentleman ou qualquer coisa do Alan Flusser vão te ajudar aqui.

    Esteja sempre saindo um pouco da sua zona de conforto, mas bem próximo à beirada dela.

  • Não escute conselhos de mulheres

    Não escute conselhos de mulheres

    Sim, isso vai contra o quê quase todos nós somos ensinados. Mas confie em mim, não peça conselho para mulheres no que diz respeito às suas roupas. Digo isto por dois motivos:

    Primeiro de tudo: nem toda mulher entende de moda e vestuário. Ao contrário do quê a cultura popular diz, a realidade é que tem uma quantidade absurda de mulheres que são bem ignorantes no assunto. Você sem dúvida já encontrou algumas mulheres de gosto duvidoso pra roupas, né? Elas são muito mais comuns do quê imaginamos. Preste atenção daqui pra frente e perceberá.

    Segundo: só porque uma mulher entende do assunto, não significa que ela entende de roupas de homem. Muitas pensam que entendem da área masculina, mas na verdade elas só sabem reconhecer quando um homem está vestido de forma atraente. Não sabem explicar e destrinchar o porquê, muito menos montar o guarda-roupas para um homem destes. É o mesmo que você ver uma mulher que reconhece ter estilo, mas se eu te pedir pra vesti-la, você vai ficar perdido.

    A exceção óbvia são mulheres que trabalham com consultoria de imagem masculina. Estas colegas, na minha experiência, tendem a perceber as diferenças do nosso vestir (além de ter o ego bem mais sob controle quanto ao assunto) e prestam um ótimo serviço.

    Mas então, de quem você deve escutar conselhos? De homens que sabem se vestir bem, é claro. Quanto mais similares a você fisicamente e em estilo de vida, melhor. Procure alguém que saiu de onde você está, que chegou a onde você quer chegar, e que de preferência já tenha guiado outros no processo. Este é o meu conselho.