Category: Autoimagem

  • Sapatos ansiosos

    Sapatos ansiosos

    Compartilhando um negócio engraçado que li outro dia…

    Um estudo de 2012 do Journal of Research in Personality¹ tentou medir o impacto dos sapatos nas primeiras impressões. Pra fazer isso, eles selecionaram 208 participantes aleatoriamente ─ os Provedores de sapatos ─ e pediram fotos dos calçados que eles mais usavam. Depois pediram pra estes mesmos participantes preencherem um questionário que coletava as seguintes informações:

    • renda
    • idade
    • gênero
    • ideologia política
    • apego²
    • traços de personalidade³

    Com essas fotos e questionários prontos, os pesquisadores então chamaram outros 63 participantes ─ os Observadores. Estes foram (separadamente) vendo fotos do sapato de um Provedor por vez, e foram informados que era o sapato que a pessoa mais usava. Eles foram então instruídos a ir com a primeira impressão deles e responder o mesmo questionário.

    Consenso

    O primeiro achado interessante foi o grau de consenso entre os Observadores: as respostas que eles deram pras características de cada Provedor eram muito próximas ou iguais. Várias pessoas diferentes, olhando a mesma foto, chegaram as mesmas conclusões sobre o dono do sapato.

    Isso significa que, certa ou errada, a impressão que as pessoas tem baseada na sua imagem é bem uniforme. Bom ter isso em mente pra moldar sua imagem.

    Precisão

    Medindo então a precisão das respostas, nos primeiros três fatores ─ renda, idade e gênero ─ os Observadores acertaram bem: o quê eles achavam correspondia bastante com as características do Provedor do sapato.

    ideologia política e traços de personalidade, os resultados não foram significativos: as respostas do Observadores não correspondiam muito com as características do Provedor.

    Então pra dados demográficos, sapatos são bons indicadores. Pra personalidade no geral… Não muito.

    Mas o achado mais interessante do estudo é o quê descobriram depois…

    Ansiedade

    Quando avaliando o apego do dono do sapato, os Observadores acertaram muito na hora de julgar se a pessoa era ansiosa ou não. Eles acertaram quase tanto quanto acertaram a idade do Provedor, impressionantemente.

    Os pesquisadores acharam isso curioso, e então eles computaram de novo os resultados, desta vez de forma que minimizasse o papel que estereótipos ligados a renda, idade e gênero pudessem estar fazendo neste julgamento.

    Pra surpresa deles, o resultado ficou ainda mais preciso!

    Ou seja: só pelos sapatos da pessoa, sem levar em consideração se era rico ou pobre, jovem ou velho, homem ou mulher, as pessoas conseguem dizer se o dono é ansioso ou não.

    Faz a gente pensar, né?

    ¹Volume 46, Issue 4, August 2012, Pages 423-430: Shoes as a source of first impressions.

    ²De acordo com a teoria do apego em adultos.

    ³Seguindo o modelo dos cinco fatores globais.

  • Se vestindo por prazer

    Se vestindo por prazer

    Se você usa qualquer coisa além do tedioso jeans+camiseta, inevitavelmente vai acabar escutando em algum momento alguma variante de “tá todo arrumado por quê?“. E eu já expliquei de várias formas as vantagens, e já dei várias razões aqui pra investir um pouquinho de tempo na sua imagem e nas roupas que veste. Mas refletindo sobre o assunto outro dia, me liguei que se alguém me perguntar o porquê eu me visto como me visto, a única resposta sincera vai ser:

    Porque eu gosto!

    Se vestir bem é muito prazeroso. É o motivo pelo qual alguns caras tem uma coleção de sapatos que precisa de um cômodo próprio. É a razão pela qual, quando você termina de se arrumar, se olha no espelho e sorri sem perceber. Você simplesmente se sente melhor.

    Então se pergunte: você tem sentido prazer em se vestir, ou quando termina de se arrumar fica se sentido “mais ou menos”?

    A vida é curta pra não gostar das próprias roupas.

  • Cultivando sua imagem

    Cultivando sua imagem

    No campo social, aparências são o barômetro de quase todos os nossos julgamentos, e você nunca deve se enganar de que as coisas são de outra forma.

    Robert Greene, As 48 Leis do Poder

    Peguei pra ler o clássico As 48 Leis do Poder, e me deparei com a frase acima. Vem do capítulo onde o autor fala da importância de cuidar da sua reputação — como você é visto — a qualquer custo. Conforme ele explica, as pessoas a nossa volta, não importa o quão próximas, sempre serão até certo ponto um mistério indecifrável. Eles sempre vão ter algumas características secretas que você jamais vai conhecer. E vice-versa: você sempre será um mistério aos outros.

    Por conta disso, seres humanos aprenderam ao longa da sua evolução a julgar pelas aparências, começando pelo que é mais fácil e imediato: roupas, gestos, palavras e atos. É a única maneira de fazermos algum julgamento sobre os outros e não enlouquecer pensando demais no assunto.

    E essa é a razão pela qual é absurdamente importante manufaturar e manter uma reputação que é criação sua. Se você cria sua imagem, você tem mais controle pela forma que os outros te enxergam. Afinal, seu verdadeiro eu jamais vai ser completamente conhecido pelos outros, querendo ou não. Então decida como quer ser visto, ou os outros decidirão por você.

    E não sei você, mas eu confio mais em mim mesmo do quê em gente de fora.

  • Autoestima

    Autoestima

    Estava entrevistando alguns amigos (é sempre bom entender melhor seu público), e entre as perguntas eu coloquei “o quê te leva a buscar uma melhora na sua imagem”. A resposta de absolutamente todos foi alguma variante de:

    “Busco uma melhora na minha imagem pra me sentir melhor.”

    Em outras palavras: autoestima.

    Engraçado contrastar isso com a noção cultural de que imagem é algo superficial, não? E a mesma cultura popular é a que propaga em filmes e séries a montagem do makeover, que sempre conclui com o personagem se sentindo muito melhor a respeito de si mesmo.

    No fundo, todos sabemos que a imagem importa. Mentir pra nós mesmos não resolve nada.

  • “Mas eu não tenho estilo…”

    “Mas eu não tenho estilo…”

    Não sei se você já caiu na armadilha de pensar isto, mas eu sem dúvida já escutei muitos homens falarem que não tem estilo. Em alguns casos é um cara normal, e como todo cara normal ele nunca foi ensinado direito como se vestir e cuidar da própria imagem. Então esse camarada não sabe nem por onde começar e sente que é um caso perdido (ou muito difícil). Em outros casos, é um sujeito que um dia “teve estilo”, mas sente que perdeu com o passar do tempo.

    Então acho importante definir o quê entendemos por estilo, pra nós conversarmos na mesma língua. Até porque, grande parte desta armadilha do “eu não tenho estilo” provém de uma ideia errada do quê o termo significa.

    Quando falamos de estilo, estamos nos referindo a uma das seguintes definições:

    1. elegância, graça ou beleza
    2. a qualidade de estar na moda
    3. maneira ou método de fazer algo
    4. maneira distinta de expressão

    Destas quatro, se você pensa que não tem estilo, é porque está usando uma das duas primeiras definições. Agora, elas podem ser úteis em determinadas situações, e quando você estiver melhor no controle da sua imagem vai acabar ouvindo com certa frequência o elogio “você tem estilo/é estiloso” no sentido destas. Mas, pra sua jornada de melhora da própria imagem, a terceira definição é muito mais útil.

    Porque, se perguntarmos pra várias pessoas do seu cotidiano como é a sua imagem, elas vão saber te descrever muito bem. Em outras palavras: você já tem um estilo. Seu estilo talvez não seja algo que você tem tanta consciência ou controle ainda, mas ele existe.

    E da mesma forma que você aprendeu a engatinhar, depois andar, aí então correr, e finalmente saltar, seu estilo vai sendo desenvolvido gradualmente. E tudo começa com você reconhecendo o estilo que já tem — sua maneira comum de se vestir. E talvez perceba que você ainda tá engatinhando. Então agora é hora de aprender a andar (e cair algumas vezes no caminho).

    Ah, e a quarta definição que coloquei ali? “Maneira distinta de expressão”? Isso é o quê estilo vai significar quando você tomar controle da sua imagem. E aí a coisa fica divertida. Como diria Bukowski:

    estilo é a resposta a tudo
    […]é a diferença.
    uma maneira de fazer,
    uma maneira de ser feito