Falando aqui de um modelo que muitas vezes é confundido com outras peças (polos ou camisas de rúgbi, no caso), mas que é uma alternativa muito interessante: a camisa popover.
O quê é?
Uma camisa popover é como uma camisa comum feita de tecido (e não malha), mas com uma diferença crucial: a vista dela não vai até a barra. Por conta dessa questão de design, você tem que vesti-la por cima da cabeça (por isso “pop over”). Nisso ela se assemelha a uma camisa de rúgbi (quando tem mangas longas) ou a uma polo (quando tem mangas curtas).
Testada e aprovada por Gianni Agnelli
Por quê usar?
Bem simples: conforto e classe.
Uma camisa popover é um pouco mais confortável que uma camisa comum, se assemelhando às camisas de rúgbi e polos nisso. O fato da vista dela ser só até o seu osso externo¹ faz com que ela seja mais agradável de usar, você sente realmente o tecido no resto do torso. Ela costuma ter uma modelagem mais “relaxada”², pra você conseguir passar os ombros na hora de vestir.
A classe vem do fato de que a imagem que ela gera é mais elegante que uma polo ou uma camisa de rúgbi, pois é de tecido plano ao invés de malha. E também pelo fato de não ser de malha, as golas delas nunca são de ribana, novamente dando um ar mais sério e arrumado pra peça.
¹ Geralmente, mas alguns modelos tem a vista até um pouco mais embaixo. ² Como em relaxamento, não em desleixo, né?
Como usar?
Popovers costumam ser camisas pro calor, então o tecido usado geralmente é de algodão ou linho (algumas vezes até viscose) e mais fino que uma camisa social. Por essas é fácil combiná-las com algo como calças de linho ou de anarruga. Algumas desta variedade mais veraneia são até de mangas curtas, o quê abre a possibilidade de usá-las com shorts.
Algumas porém, são feitas com tecido de camisa social (como a da foto do post), e podem substituir uma em qualquer situação que não exija uma gravata, só combinar com uma calça de alfaiataria — e talvez um casaco.
Quando for comprar alguma camisa nova, que tal considerar esta opção?
Você provavelmente já viu uma vez ou outra este modelo de camisa — não é algo tão obscuro quanto uma calça Hollywood por exemplo — mas é outra daquelas peças que é bom relembrar e resgatar.
O quê é?
Uma camisa Winchester é algo bem simples na verdade: é uma camisa com gola e punhos contrastando com o resto do corpo. Tradicionalmente, a gola e o punho são brancos, e o mais comum é o corpo da camisa ser listrado, mas camisas Winchester de cores sólidas existem e são muito legais também. E tem alguns casos raros em que os punhos não são contrastantes também.
Por quê usar?
O mais óbvio é que é algo diferente e legal. Mas além disso, camisas Winchester trazem ao mesmo tempo interesse visual e seriedade. Se você quer parecer levemente mais formal, elas vão te servir bem.
Sua maior seriedade vem em grande parte de suas origens: na era Vitoriana, as golas e punhos das camisas eram removíveis, e portanto raramente eram de outra cor que não branca (pra poder combinar com qualquer corpo de camisa que você fosse usar).
Outra coisa é que este tipo de camisa pode ajudar é a “quebrar” a aparência de homens muito altos e magros: a gola e os punhos contrastantes criam divisões que fazem você parecer menos esticado.
E por último, uma camisa Winchester é muito mais fácil de combinar com suas gravatas: a gola branca vai casar com quase qualquer cor e padronagem que decidir e formar uma seta diretamente pro seu rosto.
Como usar?
Como comentei acima, este modelo de camisa tem um ar mais formal. Inclusive, é um dos modelos aceitos no dress code formal diurno. Então elas caem muito bem com costumes e ternos em ocasiões mais sérias.
Porém, sem usar um casaco por cima, uma camisa é só uma camisa — uma Winchester sem nada por cima e com as mangas enroladas é um ótimo visual esportivo. Em especial, você pode deixar um pouco dos punhos aparecendo por baixo do tecido dobrado das mangas pra ficar um detalhe extra.
Como conseguir uma?
Em algumas lojas mais tradicionais de alfaiataria você ainda encontra estas, mas aqui vai um truque: se levar qualquer camisa sua num bom camiseiro, ele pode trocar a gola e os punhos pra você por um tecido branco. Se está com o pé atrás de experimentar com sua camisa favorita, compre uma num brechó e leve pra alterar — não sai caro.
Pra quem não faz parte de alguma cena punk/hardcore, ou algo retrô como lindyhop, é fácil esquecer que suspensórios existem. Cintos são tão predominantes aqui no Brasil (desconfio que por conta da hegemonia do jeans), que você pode passar meses sem ver qualquer pessoa usando suspensórios. O quê é uma pena, considerando que eles são opções muito melhores pra alguns homens. E por quê isso? Tem duas razões principais: conforto e imagem.
Conforto
A questão do conforto é especialmente aplicável a quem tem a barriga maior. Se você faz parte deste grupo, nem preciso te explicar a aporrinhação que é calça com cinto: a barriga empurra a frente da calça pra baixo constantemente, e você passa o dia puxando ela pra cima. Todo dia.
Mas com suspensórios? Você pode pegar umas calças com a cintura mais larga — até confortavelmente larga, que cairia sem algo pra segurar. Aí você veste suspensórios e seus ombros seguram as calças, sua barriga tem espaço, e tudo fica perfeito.
Pra quem tem problemas no estômago, intestino ou outro desconforto abdominal recorrente (diverticulite, doença de crohn, colite, etc), suspensórios também trazem um conforto incrível: assim como no caso anterior, você pode agora usar calças folgadas na cintura, aliviando possíveis crises.
E mesmo se você não faz parte de nenhum dos dois grupos anteriores, o conforto de não ter a cintura apertada depois do almoço é algo sempre bom.
Imagem
Uma das primeiras coisas que aprendemos na consultoria, é a usar linhas para manipular a imagem da pessoa. E suspensórios, sendo basicamente duas fitas que sobem verticalmente e vão aos seus ombros, fazem esse papel muito bem.
Em especial, isso favorece homens mais baixos: eliminando o cinto — que te corta no meio e te faz parecer mais baixo — e vestindo um suspensório, você instantaneamente parece um pouco mais alto (e de quebra parece ter tórax e ombros mais largos). Da mesma forma, também ajuda quem tem a barriga grande e ombros não tão largos.
Note como a linha do suspensório alarga o tórax e os ombros, tornando o cara mais imponente
Como usar
Suspensórios não são a coisa mais difícil de usar, no geral: prenda nas calças, vista nos ombros. Minhas três recomendações são:
1. Não use cinto e suspensório juntos
Isso é o principal. Ambos os acessórios cumprem a mesma função, então fica simplesmente estranho, redundante e bagunçado demais.
2. Prefira suspensórios de botão
Isso pode ser um pouco mais difícil de achar em lojas físicas, mas online você encontra. Suspensórios de botão são feitos para prender em botões costurados por dentro do cós das suas calças (leve num alfaiate ou costureira se necessário, mas é algo extremamente simples de fazer).
Você pode fazer seu melhor cosplay de Patrick Bateman com eles
Este tipo de suspensório é muito melhor que o de clipes, pois não fica mastigando o cós das suas calças (evitando o desgaste) e tem um aspecto mais elegante. Isso não significa que você não pode nunca usar os de clipe, mas eu guardaria estes para usar bem de vez em quando.
3. Prefira calças com a cintura natural ou alta
Calças de cintura baixa raramente ficam boas com suspensórios (ou no geral), e grande parte das questões de conforto são perdidas com estas. Se possível use suspensórios com calças que vão até logo abaixo do seu umbigo — esta é sua cintura natural.
E um fato curioso pra concluir
Você sabia que em ocasiões formais (white tie) ou semi-formais (black tie), suspensórios são a única alternativa aceitável às suas calças se segurarem por conta própria? Pois é: cintos são considerados informais demais para estas situações.
Bem, essa na verdade está sendo resgatada agora, se minhas últimas idas ao shopping são indicadores, mas ainda sim acho que é uma boa falar sobre essa peça clássica.
O quê são?
Camisas de malha (ou tricô ou crochê também, que são tipos de malha) são estas camisas, bem… Feitas de malha. Redundante, mas é importante explicar aqui como isso é diferente de uma camisa tradicional.
Camisas são tradicionalmente feitas de tecidos planos, o quê dá a elas um aspecto mais “firme” e, por consequência, mais sério. E como elas já tem esse jeito mais duro mesmo, é muito comum que elas tenham a gola e os punhos entretelados, dando a estes um aspecto ainda mais sóbrio. Mesmo camisas esportivas de tecido plano costumam ter um aspecto mais rígido.
As camisas de malha, porém, tem um ar bem mais casual — são “molengas” por conta da sua construção — sendo portanto ótimas opções pra se usar nos momentos de lazer. Por conta também de serem malhas, geralmente são peças mais leves de se usar, elas facilitam o fluxo de ar, o quê é muito bom pra quando está fazendo calor (algo bem comum aqui no Brasil, né?).
Essas camisas tiveram origem (ou ao menos popularização) na Itália após a segunda guerra mundial, durante seu miracolo economico. Como grande parte das roupas provenientes da Itália, elas atingem um ótimo equilíbrio entre estar confortável e estar bem vestido, sacrificando quase nada de qualquer um dos dois.
São feitas em modelos de mangas longas ou curtas, golas de ribana ou da mesma malha da camisa, com abotoamento no corpo inteiro ou apenas na parte de cima, e em alguns casos até com zíper ao invés de botões. O mais comum é como na foto acima, com listras, mas há exceções em cores sólidas ou até algumas padronagens diferentes por aí.
Como usar
Não tem segredo aqui. São camisas casuais, então qualquer situação de lazer, na cidade, no campo ou na praia, e uma camisa de malha vai te servir bem. A única coisa que eu aponto pra se lembrar é que essa é uma camisa bem casual, então não invente de colocar uma gravata nela (geralmente nem tem botão na gola de qualquer maneira).
Você pode combiná-la com calças, shorts, até costumes se quiser. Você pode usar como única camada ou como uma peça por cima de uma camiseta também, como demonstrado aqui Ray Liotta no clássico filme Bons Companheiros (Goodfellas).
“Até onde me lembro, eu sempre quis ser um gângster”
Pode usá-las por dentro da calça ou por fora, deixar mais ou menos botões abertos em cima ou embaixo. Sério, é uma peça que pode usar de várias maneiras.
Então, já que isto está na moda no momento, e a moda é algo que você deve aproveitar quando te for útil, sugiro dar uma conferida. Pode te agradar e se tornar mais uma opção no seu guarda-roupa.
Okay, este não é algo tão esquecido assim, mas é algo incomum o bastante pra valer o lembrete de que “Hey pessoal, isso existe! Vocês podem usar!“. Então, sem delongas…
Coletes
O colete é o irmão mais novo da jaquetado paletó/casaco. O método de construção é similar, mas ele é bem menos estruturado e, obviamente, não tem mangas.
Originalmente, o colete era usado por baixo do casaco, ou às vezes até substituía ele. No caso de substituir, geralmente era em um look mais casual, visto em trabalhadores braçais e também em entregadores de jornal (que costumavam ser jovens). Ele cumpria a função de cobrir a camisa, esconder os suspensórios e evitar o visual tosco de gravata sem nada por cima.
Com a casualização do guarda-roupa e ternos (calça, casaco e colete) sendo substituídos por costumes (calça e casaco), coletes foram se tornando mais raros. E isso é uma pena, porque é uma peça bem legal pra deixar seu visual mais interessante de forma fácil: eles afunilam sua cintura ao mesmo tempo que alargam seus ombros, e te dão alguns bolsos¹ extras ainda por cima. Não é à toa que os dândis da era Vitoriana adoravam coletes, em alguns casos até usando mais de um colete ao mesmo tempo².
¹ E se tem algo que nós homens gostamos é de ter mais bolsos, que é a principal explicação de calças e shorts cargo ainda existirem. ² Ótimo exemplo do porquê nunca devemos seguir cegamente ninguém: mesmo os grandes erram às vezes.
Note como ele parece ter ombros mais largos graças ao colete
Mas mais do quê isso, como na maior parte do Brasil tem a questão do calor, ele é uma alternativa muito boa ao casaco, pra quando você não precisa parecer tão absurdamente profissional, mas ainda quer usar uma camisa e gravata (sério, não use uma gravata sem nada por cima da camisa).
Tipos de coletes
Sendo parentes próximos do paletó, coletes existem também numa grande variedade. O mais tradicional é o de frente simples, geralmente com 5 botões (deixe o último desabotoado), mas às vezes são feitos com 4 botões (este costuma ser feito pra ser abotoado inteiro³).
³ Verifique como ele cai naturalmente: se ao abotoar todos menos o último botão ele abrir um pouco no fim, significa que a modelagem não prevê que este seja abotoado. Se ainda não tiver certeza, deixe o último aberto por via das dúvidas.
Simples e eficaz
O mais comum é que o colete seja feito de um tecido na frente e outro nas costas. Isso é uma herança dos ternos: o tecido das costas era feito do mesmo forro do paletó e do próprio colete, pra melhor deslizar na hora de vestir o paletó por cima, e porque você não precisava se proteger ainda mais do frio nas costas, com o paletó em cima. Além do mais, gerava a oportunidade de mostrar um forro legal na ocasião de você tirar a camada de cima.
Grande parte destes coletes vem com um ajuste nas costas pra apertar a cintura. Isso é algo útil ─ especialmente depois de um bom almoço ─ mas não dependa tanto deste ajuste na hora de escolher um. Se estiver muito largo, pegue outro tamanho, ou mande no alfaiate.
Além deste, temos como opção comum também o colete de tricô. Tecnicamente, isso era uma peça pra se usar em casa ou situações de lazer, mas com o tempo passou a ser aceito em ambientes profissionais também junto com outros sweaters.
Uma opção bem confortável
Este tem uma construção totalmente diferente, considerando que é malha, mas é similar o bastante ao colete de tecido plano. Ele vem em duas versões: o de abotoamento, e o “pullover”. O pullover, como o nome sugere, é o quê você veste passando pelo pescoço, como um sweater comum. Qualquer um dos dois é legal e uma ótima adição ao seu guarda-roupa de inverno, mas se você quer alongar sua silhueta, o de abotoamento vai colaborar mais com a linha vertical que os botões criam.
Depois disso, vamos para os coletes mais raros; as verdadeiras relíquias. Aqui temos coletes transpassados, também chamados de abotoamento duplo, e os coletes com lapelas. Muito raro encontrar isso pronto aqui no Brasil, se quiser um, vai provavelmente ter que apelar pro sob medida (mas já esbarrei em algumas dessas raridades em alguns brechós, então existe uma chance de achar pronto). Estes tem uma cara bem mais tradicional e “formal” que os outros, então tenha em mente isso.
Um modelo raro por essas terras
Os de lapela podem ser feitos com a lapela de entalhe, gola xale, ou lapela de cume (peak lapel em inglês, também conhecida como “gola jaquetão”). Levando a tradição em conta, se for usar um destes com um paletó por cima, deve ser um que tenha gola xale ou lapela de cume, que são mais formais.
Como usar
Tirando duas coisas que já vou ensinar, e as notas sobre os modelos menos comuns que fiz acima, não tem muito segredo no uso de coletes: coloca por cima da camisa (ou até camiseta, sério), e abotoe (colete aberto é algo bem desaconselhável). Você pode aproveitar a oportunidade pra usar uma gravata, aliás.
Agora, as duas coisas que você deve lembrar na hora de usar coletes.
1. Não use cinto nas calças (isso é essencial)
Sim, é isso que você leu.
Coletes originalmente eram vestidos com suspensórios, e tem uma razão bem simples e lógica pra isso: um cinto na cintura das calças gera um volume por baixo do fim do colete, que projeta ele pra frente, ficando estranho pra caramba (parece uma lombada). Existe também a questão que cintos são casuais por natureza, e coletes eram peças mais sérias originalmente, mas a questão prática é bem mais importante.
Sendo assim, sempre use calças que não precisam de um cinto pra ficar no lugar — e sério, toda calça sua deveria ser assim na verdade, se está precisando de cinto, está precisando na verdade de ajustes — ou use suspensórios. Calças com ajustadores embutidos são aceitáveis aqui.
Única excessão a esta regra: se for um colete de tricô. Por conta da leveza e casualidade deste, ele não briga com o cinto, então dá pra usar em conjunto.
2. Seu colete deve esconder o fim da sua camisa
Em outras palavras: não deve aparecer nada da camisa entre o fim do colete e o começo das calças. Se isso está acontecendo, ou seu colete está curto, ou sua calça está com a cintura muito baixa. Cometendo este erro, vai sofrer os mesmos problemas de quem usa calça de cintura baixa com paletó curto: você divide seu corpo em 3 partes (torso, barriga e pernas, ao invés de torso e pernas) e gera um estranhamento pra quem te vê, além de te deixar mais baixo.
Não cometa estes dois erros: cinto com colete, e camisa aparecendo
E aí está, mais uma opção para expandir seu guarda-roupa de forma simples. Um único colete é mais uma peça que você pode combinar com todas as suas calças, todas as suas camisas, e todos os seus casacos, multiplicando assim o número de looks que consegue gerar, sem ter que comprar um monte de roupas novas.