Escolhendo entre duas camisas

Mas você gosta?

Estava ajudando um cliente outro dia a escolher uma bolsa carteiro, pra ele usar no trabalho. Ele achou alguns modelos bem legais, e no final ficou entre duas bolsas:

  • A primeira era uma marrom quase cinza, bem escura e bem discreta.
  • A segunda era num marrom marmorizado, um pouco mais chamativa.

Ele pensou (corretamente) que a primeira seria mais fácil de combinar com qualquer coisa. Mas…

Ele claramente tinha gostado muito mais da segunda opção. Só que aí ele ficou com o pé atrás de pegar esta, porque não era a bolsa “ideal” em versatilidade que a outra era. Eu percebi o quê tava acontecendo e falei pra ele:

“Cara, tem que levar em consideração o seu gosto pessoal. Melhor que ficar caçando uma coisa ‘ideal’ — mas que você não curte tanto assim — pega uma coisa que tá ‘okay’ e que você gosta bastante, e aí você vai usar muito mais e com mais vontade.”

Ele riu e me deu razão.

Essa situação ilustra um ponto que quero fazer hoje:

Você tem que gostar das suas roupas.

É importante que você goste de suas roupas e da sua imagem, pelo simples fato de que você vai transmitir isto, mesmo sem perceber. Você já deve ter passado por alguma situação em que, ou teve usar roupas que não queria, ou se vestiu sem pensar e depois ficou se sentindo desconfortável. Se pensar nessas situações, vai provavelmente perceber que seu desconforto era visível e que você ficou muito sem jeito pra tudo, só por conta de se sentir mal vestido.

Então seu gosto é algo que deve ser considerado. Mas é importante salientar que esta não deve ser a primeira consideração, que é o erro que muitos homens cometem hoje em dia. Se vestir só pelo que gosta tende a ser uma péssima ideia. É como falar só em Francês quando você mora na Coréia do Sul, porque você gosta do idioma. Você vai ficar conversando sozinho 99% do tempo.

Por isso costumo falar sobre suas roupas serem adequadas ao contexto onde você vai usá-las. Essa é a prioridade. Então não use seu gosto como desculpa pra fugir de certas roupas (até porque, nosso gosto é bem mais maleável do quê costumamos considerar).

Voltando ao exemplo da bolsa: o camarada em questão trabalha de roupa social, pois já percebeu que vestido assim os clientes o respeitam mais e fica mais fácil na hora de fechar negócio e negociar valores. Ele percebeu também que usar mochila não combina com essas roupas, então está buscando uma bolsa carteiro — algo adequado ao contexto. Depois disso, aí devemos considerar o gosto dele.

Então uma maneira prática de pensar é que, enquanto o contexto onde você vai usar as roupas te diz quais são as opções, o seu gosto serve pra decidir quais destas opções você vai escolher.