Category: Compras

  • Dinheiro não compra bom gosto

    Dinheiro não compra bom gosto

    Eu muitas vezes repito essa frase no título¹, geralmente quando um amigo comenta de alguém que obviamente gastou muito dinheiro nas suas roupas mas acabou ridículo. E isso é uma das razões pelas quais eu sempre martelo que ficar se importando tanto com o quê está na moda é uma péssima ideia pra você pessoalmente (útil pra quem trabalha na indústria como eu, porém).

    ¹ Não lembro se escutei em algum lugar ou se “inventei”, mas sem dúvida não fui o primeiro a fazer a observação.

    A razão pra isso é que ter uma boa imagem — ou seja, uma que te trás vantagens na vida — depende muito mais de conhecimento; sobre si mesmo, sobre contextos sociais e sobre roupas; do que depende de dinheiro. Um ótimo exemplo disso são eventos onde tem celebridades, como o Oscar (se alguém ainda assiste isso…) ou o MET Gala (que é geralmente uma lição de como não se vestir).

    Novamente, não espere almoço de graça, roupas de melhor qualidade custam mais, mas não confunda preço com qualidade também. Esse post é mais um lembrete de que, se você está com o orçamento curto agora, ainda sim dá pra construir uma boa imagem. E nas palavras de alguém que entende muito mais que eu:

    Qualquer um que tem dinheiro pode comprar moda a qualquer momento. Estilo você tem que aprender e merecer.

    G. Bruce Boyer:
  • Cuidando das roupas: conforto vs durabilidade

    Cuidando das roupas: conforto vs durabilidade

    Conversando com minha professora de consultoria outro dia, lembrei da história que ela contava de quando trabalhou em uma marca de alfaiataria bem famosa (cujo nome não vou revelar¹)…

    Como muita marca de alfaiataria hoje em dia, eles vendem bastante pra noivos e homens que vão num casamento no geral (porque a maioria dos caras tá despreparado). E o clima do Brasil no geral sendo como é — sem falar que muita gente gosta de fazer casamento em lugares quentes — o quê acontecia é que muitos destes homens escolhiam ternos costumes mais finos, feitos com tecido mais leve e com número “super” maior, como super160.

    Juntando a isso, ela trabalhou nessa marca na época que a moda tava bem “slim fit”, que é só um nome que inventaram pra roupa justa. Então o quê rolava era:

    • Noivo escolhia o costume;
    • Fazia questão de que fosse bem fino (leu na internet que “número super alto é o melhor!”);
    • Fazia questão que fosse “slim fit” (“é o quê tá na moda!”);
    • Cerimônia ia okay, apesar das roupas justas;
    • Noivo chega na festa, cumprimenta todo mundo;
    • “Opa, bora tomar umas pra comemorar”;
    • Noivo começa a dançar;
    • E… o tecido da calça rasga da forma mais constrangedora possível e estraga a diversão dele (e deixa a noiva muito puta!).

    Eu lembro que perguntei “Mas por quê raios vocês não falavam pros caras isso?!” quando escutei a história.

    “A gente falava, mas eles não escutavam! ‘Porque super160 é mais confortável’ e eles ‘nem vão usar muito a roupa mesmo’…”, ela respondeu. Então a marca acabava tendo que reformar ou trocar as calças de muita gente (isso quando não era pior e não rasgava nas costas do casaco).

    Quando você escolhe uma roupa, sabendo ou não, você está fazendo uma escolha de quanto conforto você vai sacrificar por maior durabilidade. Roupas mais leves são mais confortáveis no geral, mas por logicamente são menos resistentes.

    Isso se aplica de maneiras mais óbvias: Tecidos grosseiros como o denim² do jeans são bem “duros” e restringem seu movimento, mas são feitos pra durar.

    Mas também se aplica de maneiras menos óbvias: Tecidos feitos de poliéster tem mais elasticidade que os de algodão, mas não absorvem umidade e não fazem boa troca térmica (na prática: você derrete no calor e congela no inverno).

    Adicionando a isto tem a questão do valor: uma calça de lã fria vai sair mais cara que uma de sarja de algodão e bem mais que uma de microfibra, mas vai ser absurdamente mais confortável que as duas.

    Então qual é a solução aqui? Bem, não existe uma resposta simples. Vai depender de roupa pra roupa, do uso desta, do seu estilo de vida, do cuidado que você toma, etc. Como muita coisa nesse jogo da imagem, é mais uma questão de você ter consciência do quê está fazendo pra tomar uma decisão melhor pra você.

    ¹Não que ela tivesse algo de ruim a falar da marca e seu dono: só tinha elogios na verdade. Não falo por questão de decoro mesmo.

    ²Essa é a razão original do jeans, aliás: apesar de bem menos confortável que uma calça feita em tecido de lã, quando você trabalha numa mina de carvão ou é estivador, você precisa de algo que resista acidentes e muitas lavagens.

  • Talvez não seja pra você

    Talvez não seja pra você

    Outro dia eu tava acompanhando uma conversa de dois camaradas sobre calças. Ambos caras com pernas finas e quadril fino e acostumados a usar calças “skinny” (ou “slim”, ou como cada marca decidir chamar), mas agora que a moda completou o círculo e foi de roupas justas a roupas largas, o primeiro sujeito estava questionando sobre como usar as novas calças “da moda”.

    “Eu realmente quero começar a usar jeans inspirado em workwear, mas acho desconfortável o jeito que fica largão em mim. Mesmo estilos que dão uma afunilada nas pernas. Algum conselho em como vestir isso com confiança?”

    Nisso o segundo levantou um ponto importante:

    “Sinceramente, talvez essa moda simplesmente não seja pra você.”

    É algo importante de lembrar, porque “está na moda” é muitas vezes uma armadilha. Como já comentei antes, se algo está na moda ou não é uma consideração menor do quê se algo te cai bem e se algo é uma boa ideia (e a história da moda tá cheia de ideias ridículas, convenhamos).
    Então é bom ter em mente que às vezes — na verdade muitas vezes — vai ter alguma nova moda que talvez não seja pra você. Seja porque não cai bem no seu corpo, seja porque não cabe no seu estilo de vida, ou simplesmente porque não é do seu gosto.

    E tá tudo bem. Você não precisa viver “na moda”.

  • O valor da marca

    O valor da marca

    A indústria da moda faz parecer que você precisa gastar bastante dinheiro pra se vestir bem. É só olhar qualquer anúncio ou propaganda, e vai ver o logo dessa ou daquela marca associados a modelos estilosos ou celebridades. Isso gera a ilusão de quê:

    Roupa de marca = bem vestido¹

    Colocando desta maneira simples, dá pra enxergarmos o quão absurda é a ideia, né?

    Não dizendo que ele você vai conseguir roupas muito boas a preço de banana — raramente vai, pois não existe almoço de graça — mas ao mesmo tempo, não significa que precisa comprar roupas de marca para estar bem vestido.

    A indústria tem interesses econômicos em manter essa crença, e longe de mim de ficar condenando os outros por querer fazer dinheiro. Mas quero propor aqui uma maneira mais útil de pensar em marcas. Elas devem ser pra você só um indicador de 2 coisas:

    1. Confiança: você sabe que esta marca costuma fazer roupas bem acabadas e com material de uma qualidade que te agrada.
    2. Modelagem: você tem uma noção de como a calça, camisa ou casaco desta marca fica no seu corpo.

    Porque no fim do dia, a marca é só uma promessa.

    ¹ Fonte: Alguma marca tentando te vender algo.

  • Tanto faz se tá na moda

    Tanto faz se tá na moda

    Isso foi inspirado em algo que tenho visto recentemente, que é o povo usando roupas “oversized”, que na verdade é só um termo besta pra falar que a roupa tá muito grande pra você. É uma cópia da moda dos anos 90 (por que não dá pra ser original nem na hora de ser tosco?), e fica bem em praticamente ninguém, em absolutamente situação nenhuma.

    Agora, eu até tenho uma série chamada vítimas da moda, e depois vou até fazer um artigo sobre essa moda em particular, mas achei importante falar antes de tudo o seguinte:

    Tanto faz se tá na moda.

    Sério, tanto faz.

    A verdade é que grande parte do que “está na moda” não vai te cair bem (e uma boa parte não vai cair bem em absolutamente ninguém, sendo sincero). Então se perguntar se algo “tá na moda ou não” é um questionamento besta e um desperdício do seu tempo. E de qualquer maneira, como falei antes, não existe mais “fora de moda”, então isso faz menos sentido ainda.

    No fim das contas, toda moda vai passar. Então busque aquilo que fica bem em você, independente de estar ou não “na moda”.