Category: Compras

  • O “achado” do brechó

    O “achado” do brechó

    Falei sobre desapegar de roupas antigas na semana passada, e nas sugestões eu comentei de levar num brechó ou bazar. Bem, aproveitando sua viagem, você pode também dar uma conferida no quê tem de bom!

    Comprar em brechós (ou “lojas vintage”, como o povo fala lá fora), é algo muito popular na Europa e Japão, e cada vez mais popular por aqui também, com um monte de lojas surgindo em toda cidade e até online. Então hoje vou falar de duas vantagens pra te empurrar nesta direção…

    Pra começar; e pra quem está começando; cometer erros na hora de comprar roupas custa dinheiro (obviamente). E você vai cometer erros, inevitavelmente. Então, quanto mais baratos você puder fazer estes erros, melhor. Leva um tempo pra se acostumar com o quê serve bem no seu corpo, que cores te favorecem, o quê se encaixa no seu estilo de vida, entre outras coisas.

    Conhecendo alguns brechós, você consegue experimentar mais com estilos diferentes sem quebrar o banco. Não só isso, brechós via de regra vão ter padrões de modelagem mais variados que uma loja de marca. Assim, você consegue aprender que modelagens te agradam mais e caem melhor no seu corpo.

    Mas mesmo que você já esteja mais avançado, tem um apelo forte na compra em brechós: o fenômeno do “achado”. É quando você encontra algo raro, de alto valor, por quase nada.

    Eu lembro de uma vez, que fui no centro de São Paulo conhecer um brechó novo. Não é a coisa mais fácil achar roupas pra mim — minhas proporções são extremamente incomuns — mas sempre dou uma caçada em acessórios, como gravatas e lenços de bolso. Eis que, fuçando em uma das araras, eu acho um costume que só de tocar dava pra saber que era algo de ótima qualidade.

    Eu tirei pra ver melhor, e era um costume risca-de-giz marinho escuro, belíssimo, com lapelas pontudas e um forro desenhado. Não ia servir em mim pelo tamanho, mas parecia do número de um amigo meu, então tirei umas fotos e mandei pra ele. Aí, conferindo um pouco mais, acho a etiqueta…

    Era só um Ralph Lauren Purple Label. A linha mais cara do tio Ralph.

    Conversei com o povo do brechó, e eles me contaram que as roupas de lá eram selecionadas de cidades do interior. Em alguma cidade aí, algum camarada endinheirado, ou tava trocando de guarda-roupa, ou tinha morrido, e nessas o costume veio parar perto da praça da República.

    Não prometendo que toda viagem prum brechó será assim, mas é uma possibilidade. E aí, além de uma roupa boa, você vai ter uma boa história.

  • Comprando com versatilidade

    Comprando com versatilidade

    Eu estava folheando um livro esta semana e li um negócio interessante sobre o ator inglês David Niven¹. Segundo a história conta, sempre que ele comprava roupas novas, seja numa visita ao alfaiate ou simplesmente ao comprar uma gravata, ele fazia uma série de perguntas pra si mesmo, como:

    • Que lacunas tem no meu guarda-roupa?
    • Eu teria mais ocasião de vestir um costume transpassado em príncipe de Gales, ou um terno em espinha de peixe?
    • Como posso, com uma única gravata nova, melhor usar todas as minhas camisas sólidas, listradas e xadrez?
    • Que par de sapatos eu poderia usar tanto com uma jaqueta de tweed quanto com um costume de inverno?

    ¹ fato curioso: Sinestro, vilão dos Lanternas Verdes, foi visualmente inspirado nele

    Achei fascinante o raciocínio do Sr. Niven. Essa é uma ótima lição em como comprar com versatilidade e eficácia. Você pode ver que, na hora de adquirir peças novas, é prudente sempre pensar no quê você já tem, pra então considerar o quê ainda precisa. Por exemplo:

    • Se você tem um monte de costumes sólidos, você começa a buscar peças com padronagens.
    • Se seus sapatos são todos pretos, hora de caçar uns marrons.
    • E se não tem camisas xadrez ou listradas, melhor arranjar uma.

    Indo além, podemos ver que um homem bem vestido jamais compra “conjuntos” — roupas que só podem ser vestidas com determinadas outras — e foge combinações pré-prontas (costumes sendo a única exceção, por questões obvias). Então, para ser um homem de estilo, você deve comprar roupas que são usáveis com a maior parte do que já possui, pois isto:

    1. Te economiza dinheiro.
    2. Te deixa mais estiloso — pois parte de ter estilo é saber como criar diferentes e interessantes combinações.

    E quem não gosta de economizar com estilo?

  • Economia a longo-prazo

    Economia a longo-prazo

    Uns 10 anos atrás, estava lendo uma entrevista de um ícone de estilo que me ensinou essa lição que compartilho hoje. Este camarada era um sujeito que veio de uma família bem pobre: um legítimo self-made man, que conseguiu se tornar bem sucedido por muito esforço próprio. Quando perguntaram sobre como o estilo dele se desenvolveu nessa época mais humilde, ele falou algo que nunca esqueci:

    “Eu era pobre demais pra comprar sapatos baratos.”

    Soa contraditório, né? Mas faz bastante sentido… Se você pensar a longo-prazo.

    O custo da sua roupa, afinal, é só uma questão da referência de tempo e uso dela. Então comprando qualidade, você vai comprar menos vezes. Por exemplo:

    Se você for atrás de uma jaqueta de couro decente, está olhando aí pra talvez uns R$1.300,00 de etiqueta.
    Já uma de couro falso, você provavelmente consegue por R$300,00. Mas qual a durabilidade da primeira contra a da segunda?

    A primeira, bem cuidada, pode durar mais do quê você mesmo. A segunda tem provavelmente uns 2 anos antes de começar a se desfazer. Aí você vai ter que comprar outra. E depois outra, e outra, e outra…

    Então pense: você quer economizar hoje pra pagar em juros amanhã, ou prefere pagar mais à vista mas economizar no longo-prazo? São suas ferramentas, afinal.

  • Padrões de numeração

    Padrões de numeração

    Eu tava tirando dúvidas de um amigo outro dia, e surgiu uma bem comum que acho importante explorar: A questão de numerações e padronização.

    Até quem trabalha na indústria do vestuário muitas vezes tem uma impressão equivocada do assunto. Já escutei que “não existe padrão de medida no Brasil”, “cada marca faz a numeração do jeito que quer” e etc. Mas eu entendo o porquê as pessoas pensam essas coisas.

    A realidade é que praticamente todas as marcas seguem um padrão. Isto significa que se você comprar uma calça tamanho 42 de uma marca, e comparar com a de outra, elas são diferentes, mas seguem o mesmo padrão.

    Como isso?

    Isso é simplesmente porque o número — 42 no caso — se refere apenas à cintura, com todo o resto sendo livre para cada marca definir como acha melhor. O mesmo se aplica a camisas, camisetas, casacos, e o quê for. A numeração se refere só a uma medida principal, com o resto seguindo uma proporção mais livre.

    No exemplo da calça: ambas vão ter uma circunferência de 94cm na cintura (42×2), mas a de uma marca pode ter pernas mais compridas, enquanto a da outra talvez tenha mais espaço nas coxas, ou o cavalo mais baixo, etc.

    E na verdade, isso é uma coisa boa! (contraintuitivo, eu sei)
    Explicando…

    Como eu falei antes, é muito difícil fazer roupas para muita gente. Você acaba criando peças que não servem tão bem assim em ninguém. Mas o fato dos padrões da indústria só definirem algumas medidas principais dá liberdade pra cada marca trabalhar com o quê acredita ser melhor pro público dela. Assim, a indústria como um todo pode atender mais gente, do quê se toda marca fosse forçada a seguir um único padrão rígido.

    Se uma marca nota que grande parte das pessoas que compram dela tendem a ter braços mais compridos (talvez seja a favorita de jogadores de basquete), eles podem adaptar a modelagem para se adequar a esta galera, fazendo as mangas das camisas mais longas. Enquanto isto, outra marca atende a um público diferente e faz uma modelagem de acordo.

    Isso também vem da realidade de que, modelagem é 50% matemática, 50% arte. Como qualquer modelista ou alfaiate vai te dizer, não é uma ciência exata. Vai muito da intuição de quem faz e da tentativa e erro. O corpo humano não é particularmente reto, ou rígido, ou inflexível. Então mesmo duas marcas que atendem ao mesmo público, provavelmente vão ter pequenas (ou grandes) variações na sua modelagem.

    E o quê isto nos ensina? A prestar atenção nas marcas que fazem roupas que se adéquam melhor ao seu corpo. Possível que não encontre nada que te sirva tão bem de cara (eu sei bem como é isso). Mas capaz também de achar algumas marcas cuja modelagem serve bem depois de alguns poucos ajustes…

  • Tirando proveito da moda

    Tirando proveito da moda

    Semana anterior, falei que os pilares do seu estilo são suas proporções e suas cores. Conheça estes antes de tudo. Depois é importante entender seu contexto de vida — profissional, social e recreativo — e então considerar suas preferências pessoais dentro disso tudo. Mas não adianta saber todas essas coisas e não colocar em prática. É aí que dar uma conferida no quê está na moda pode ser útil…

    Claro, perseguir a moda é uma perda de tempo. No momento que você alcança, ela já mudou e você não está mais “na moda”. Mas, mesmo não existindo mais “fora de moda”, existe ainda o quê está na moda vigente, o quê é novo — e mais importante aqui, o quê está nas lojas.

    Digamos que você é bem magro. Isso significa que lapelas largas não vão ficar proporcionais ao seu tórax. Bem, você está com sorte: lapelas finas estão na moda, então tem uma boa chance de você conseguir um blazer bom pro seu corpo, sem ter que comprar sob medida.

    Ou vamos pensar que você tem coxas muito grossas, e de repente calças com pregas estão na moda. Agora é a hora de trocar algumas calças velhas.

    Se descobriu que fica bem em cores frias, e esta estação está com bastante azul, vale dar uma conferida no quê está sendo ofertado. Etc.

    O ponto aqui é que: enquanto a moda não beneficia a todos a todo momento (e a alguns de nós quase nunca), pode ter coisas que te beneficiem na moda de agora. E isto pode ser uma boa economia quando estiver trocando peças do seu guarda-roupa.

    Então moderação em tudo: não perca o sono se preocupando em estar na moda, mas também não a desconsidere por completo. Ela pode te economizar algum dinheiro e tempo, afinal.