Category: Compra consciente

  • Dinheiro não compra bom gosto

    Dinheiro não compra bom gosto

    Eu muitas vezes repito essa frase no título¹, geralmente quando um amigo comenta de alguém que obviamente gastou muito dinheiro nas suas roupas mas acabou ridículo. E isso é uma das razões pelas quais eu sempre martelo que ficar se importando tanto com o quê está na moda é uma péssima ideia pra você pessoalmente (útil pra quem trabalha na indústria como eu, porém).

    ¹ Não lembro se escutei em algum lugar ou se “inventei”, mas sem dúvida não fui o primeiro a fazer a observação.

    A razão pra isso é que ter uma boa imagem — ou seja, uma que te trás vantagens na vida — depende muito mais de conhecimento; sobre si mesmo, sobre contextos sociais e sobre roupas; do que depende de dinheiro. Um ótimo exemplo disso são eventos onde tem celebridades, como o Oscar (se alguém ainda assiste isso…) ou o MET Gala (que é geralmente uma lição de como não se vestir).

    Novamente, não espere almoço de graça, roupas de melhor qualidade custam mais, mas não confunda preço com qualidade também. Esse post é mais um lembrete de que, se você está com o orçamento curto agora, ainda sim dá pra construir uma boa imagem. E nas palavras de alguém que entende muito mais que eu:

    Qualquer um que tem dinheiro pode comprar moda a qualquer momento. Estilo você tem que aprender e merecer.

    G. Bruce Boyer:
  • O valor da marca

    O valor da marca

    A indústria da moda faz parecer que você precisa gastar bastante dinheiro pra se vestir bem. É só olhar qualquer anúncio ou propaganda, e vai ver o logo dessa ou daquela marca associados a modelos estilosos ou celebridades. Isso gera a ilusão de quê:

    Roupa de marca = bem vestido¹

    Colocando desta maneira simples, dá pra enxergarmos o quão absurda é a ideia, né?

    Não dizendo que ele você vai conseguir roupas muito boas a preço de banana — raramente vai, pois não existe almoço de graça — mas ao mesmo tempo, não significa que precisa comprar roupas de marca para estar bem vestido.

    A indústria tem interesses econômicos em manter essa crença, e longe de mim de ficar condenando os outros por querer fazer dinheiro. Mas quero propor aqui uma maneira mais útil de pensar em marcas. Elas devem ser pra você só um indicador de 2 coisas:

    1. Confiança: você sabe que esta marca costuma fazer roupas bem acabadas e com material de uma qualidade que te agrada.
    2. Modelagem: você tem uma noção de como a calça, camisa ou casaco desta marca fica no seu corpo.

    Porque no fim do dia, a marca é só uma promessa.

    ¹ Fonte: Alguma marca tentando te vender algo.

  • Tanto faz se tá na moda

    Tanto faz se tá na moda

    Isso foi inspirado em algo que tenho visto recentemente, que é o povo usando roupas “oversized”, que na verdade é só um termo besta pra falar que a roupa tá muito grande pra você. É uma cópia da moda dos anos 90 (por que não dá pra ser original nem na hora de ser tosco?), e fica bem em praticamente ninguém, em absolutamente situação nenhuma.

    Agora, eu até tenho uma série chamada vítimas da moda, e depois vou até fazer um artigo sobre essa moda em particular, mas achei importante falar antes de tudo o seguinte:

    Tanto faz se tá na moda.

    Sério, tanto faz.

    A verdade é que grande parte do que “está na moda” não vai te cair bem (e uma boa parte não vai cair bem em absolutamente ninguém, sendo sincero). Então se perguntar se algo “tá na moda ou não” é um questionamento besta e um desperdício do seu tempo. E de qualquer maneira, como falei antes, não existe mais “fora de moda”, então isso faz menos sentido ainda.

    No fim das contas, toda moda vai passar. Então busque aquilo que fica bem em você, independente de estar ou não “na moda”.

  • Pagando pela qualidade

    Pagando pela qualidade

    Tem uma frase muito boa pra tudo quanto é coisa na vida, que é a seguinte:

    Não existe almoço de graça.

    Isso significa que, se algo está sendo dado “de graça”, é só que você não paga agora, ou não paga de forma tão óbvia (com dinheiro). Se parece muito bom pra ser verdade, é porque é.

    E dá pra aplicar isso em tudo, até na natureza. Já parou pra pensar no porque tem gente alta e gente baixa? É porque as vantagens que vem com ser alto custam algo. Custam mais recursos (você tem que comer mais pra crescer), custam equilíbrio (seu centro de gravidade é mais distante do chão) entre outras coisas.

    Tá, e o quê isso tem a ver com imagem e roupas?

    Isso tem a ver com o valor das roupas, ou mais especificamente, o fato que roupas baratas são baratas por uma razão (ou umas), enquanto roupas mais caras trazem valor de diversas formas.

    O mais óbvio disso é que roupas baratas tendem a durar menos. Isso por conta dos materiais usados na construção, por conta do processo de fabricação, por conta do controle de qualidade, e até por obsolescência programada (fast fashion não tem esse nome à toa).

    Outro lugar onde podemos ver isso, é nas próprias fibras têxteis. Se você compra algo feito de lã, vai pagar mais caro, mas vai ter um tecido que te mantem mais aquecido no frio e refrescado no calor. Mas se pegar algo feito de poliéster, vai pagar mais barato em dinheiro, mas vai pagar caro em desconforto quando usar a roupa.

    Em contrapartida, como já falei aqui, valor é relativo: o quê tem alto valor pra um, não tem tanto para outro. Então, se você sair de roupas baratas e for pro mercado de luxo, você vai pagar em grande parte pela própria ideia do luxo. Um costume Armani é bom, mas não tão significativamente melhor em construção e material de algo vindo de uma marca mais acessível. Porém, a ideia da marca tem muito valor pra quem é cliente deles, e o conforto e segurança de que vai ser algo de qualidade também tem valor, e isso se traduz em um custo mais elevado.

    Sendo assim, é importante entender o quê tem valor pra você. Conforto? Durabilidade? Tendência? Luxo e status?

    Pelo quê você está disposto a pagar?

  • Reduzindo o impacto comprando usado

    Reduzindo o impacto comprando usado

    Continuando ainda sobre brechós, vou falar de mais um ponto positivo sobre comprar neles: a redução de poluição.

    A produção de tecidos e de roupas é algo muito poluente, (tem alguns documentários sobre o assunto se você quiser ver, como River Blue, que dá pra assistir online). Mas sendo realista, a verdade é que não vamos parar de nos vestir (foi mal nudistas, mas o resto do mundo não vai aderir).

    Seres humanos gostam — e sempre gostaram — muito de se enfeitar. Se quer uma prova, é só escolher qualquer tribo de caçadores-coletores numa região bem quente do planeta, como nas savanas africanas, ou na Melanésia, ou mesmo aqui na própria América do Sul. É quente demais pra ficar usando roupas? Então a gente se enche de acessórios¹ pra compensar!
    ¹Um dos mais curiosos sendo o koteka. Pesquise por conta e risco, e depois agradeça não ter nascido em certos lugares…

    Então, mesmo que tudo esteja perfeitamente climatizado e que não tenhamos mais nenhum pudor, nós ainda vamos querer nos enfeitar e nos comunicar com a nossa imagem. Sendo assim, comprar menos roupas novas é uma alternativa pra pelo menos reduzir o impacto negativo no meio ambiente.

    Por sorte, estamos numa época em que brechós são mais populares que nunca, então achar um decente tá bem fácil. Se você mora em alguma metrópole, é só procurar bem rápido na internet que vai encontrar alguns pra visitar.
    Se não mora, muitas igrejas, centros espíritas e outras organizações religiosas promovem bazares para arrecadar fundos.
    E em último caso, você pode procurar na internet. Existem brechós virtuais que você acha pelo Instagram ou Facebook, assim como sites dedicados a isto, o mais famoso sendo provavelmente o Enjoei.

    Então hora de garimpar.